terça-feira, 13 de novembro de 2012

Dili - Bali - Amesterdão - Lisboa/Setúbal

Desta vez a estada em Dili foi mais curta que o habitual: apenas dois meses, conforme acordado com o meu "patrão", o Banco Central de Timor-Leste.
Assim, deixei Dili em direcção a Bali na sexta feira dia 3 de Novembro. Contrariamente ao usual, voei no voo da BATAVIA e não do da MERPATI, as duas companhias que, de Bali, voam para Dili.


 
Curiosamente, deixam ambos Dili mais ou menos ao mesmo tempo. O que tem o mesmo resultado na chegada a Bali: chegada quase à mesma hora de vários voos internacionais com aviões de grande porte e... cerca de 1h na fila da "Imigrasie"... Esperemos que as grandes obras de alargamento do aeroporto de Bali ajudem a descongestionar estas filas intermináveis. Não se justifica, numa zona que vive quase exclusivamente dos turistas e para os turistas, estes serem "recebidos" com uma "seca" de cerca de 1h para mostrar o passaporte em 2-3mins...

A partida de Dili tem (quase) sempre um aliciante: aproveitar para tirar umas fotos de dentro do avião (eu sei que é proibido mas...).

Maubara e sua ribeira, a qual tem de ser atravessada
para se alcançar a casa do Vô Serra

Chegado ao exterior do aeroporto de Bali, tinha o motorista da "Villa Sabta", em Cepaka (8º 36' 26" S + 115º 00' 01" E; coordenadas da igreja católoca local, de Santa Teresa), à minha espera pois tinha marcado o quarto nesta "villa" a que a minha amiga Claudine dá um apoio inestimável.
Uma hora e meia de caminho (em parte devido ao usual transito infernal de Bali) e aí estou eu instalado no meu quarto, diferente do que tinha ocupado anteriormente mas decorado com o bom gosto que a Claudine põe em tudo em que toca.

 
Os quartos têm uma "geometria" própria que nos permite, estando deitados na cama, gozar da paisagem da "selva" de que a "villa" está rodeada. Extremamente agradável acordar de manhã cedo com esta paisagem "a nossos pés". E nem há mosquitos nem frio de noite! Dormi apenas esticado em cima da cama!
 

As refeições são outro momento alto da estada na "villa". E começa logo com o pequeno almoço...


Chegado com a tarde já avançada, fiquei-me por ali no primeiro dia, dando uma espreitadela à piscina mas sem a usar. Isso ficou para o dia seguinte, depois de ter andado com outros dois hóspedes, brasileiros trabalhando em Dili, por Ubud e Semyniak, principalmente, com almoço no "Café Bali" nesta última zona de Bali.

 

O dia mais preenchido acabou por ser o domingo, já depois de os meus companheiros da véspera terem partido de regresso a Dili.
Com o dono da casa "doublé" de motorista e de cicerone, andei por "montes e vales" durante quase sete horas.
No percurso passámos primeiro por um dos templos mais conhecidos da região, Batukaru (o outro é, na costa, Tanalot, onde é usual ir ver o pôr do sol).

 




Dali partimos para mais uma "tirada" de uns quantos quilómetros, alguns deles por estradas que nos fizerem lembrar as de Timor Leste. Finalmente chegámos ao nosso destino principal do dia: os arrozais de Jatiluwi, na zona de Penebel (Google Earth: 8º 22' 42" S + 115º 07' 16" E). Um espectáculo, com um "banho" de verde em qualquer ponto do horizonte para onde olhássemos.



E começou o regresso a "casa". Entretanto ainda deu para pararmos numa fonte de água quente que é aproveitada, maioritariamente pelos locais, para tomarem um banho a que atribuem propriedades termais.

No dia seguinte, segunda feira, repetiu-se, mas ao contrário, o percurso para o aeroporto, de onde saí às 22h no voo da KLM que me levou a uma escala em Singapura (por causa das medidas de segurança nem dá para ver nada do aeroporto...) e, depois, a Amesterdão e daqui para Lisboa, após uma espera de cerca de 4h.

Na Holanda aproveitei para tirar umas fotos aos aviões a fim de as oferecer ao meu irmão, transformado num "spotter" de aviões de alto coturno... :-)
De tal modo que se deu ao trabalho de ir para o aeroporto de Lisboa esperar pelo avião em que eu voava e fotografá-lo quando aterrava! Obrigado, mano! Valeu!... :-)

 O "Air Baltic", da Letónia

 O voo da TAP/"Portugália" a chegar a Amesterdão

O avião da KLM em que viagei no percurso AMS-LIS a aterrar em Lisboa
(foto de Jorge Serra)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Arqueologia industrial em Dili: a fábrica de tijolo de Fatumeta

Há dias assim... Sem esperarmos damos com uma "pérola" que desconhecíamos... É disto que eu gosto...

Na verdade, eu já conhecia a fábrica de tijolo de Fatumeta, depois do conhecido Bairro Pité (Saúde, sr. Pité!...), mas só a tinha visto de fora, da estrada, com o seu exterior algo bizarro, com uma chaminé a ameaçar desmoronar-se e um edifício mais alto de um lado e muito mais baixo do outro...
Mas desta vez foi diferente. Andando no passeio com mais 3 amigos, um deles "puxou-nos" para o interior do terreno onde está a fábrica para a explorar. Foi o que fizemos.

Primeira surpresa: o forno grande, rectangular, que eu conhecia, "esconde" um outro, redondo, muito mais pequeno, que era usado para produzir quantidades mais pequenas de tijolos. A fábrica é, pois, um pequeno "complexo fabril" que se encontra num estado de conservação geral que se pode considerar muito bom --- se considerarmos os anos que tem e o facto de há muito não ser usado .



Vistos os edifícios por fora, "espiolhámos" ambos por dentro. Primeiro o mais pequeno, circular e com tecto em abóboda.




Depois o forno maior, com um "pé direito" num lado muito maior que no outro, dando-lhe um aspecto algo esquisito de edifício que parece que se afundou de um dos lados.
Primeira surpresa: subindo para o tecto do edifício vericia-se que este é todo "sarapintado" de buracos que são respiradores/chaminés que lhe dão um aspecto algo inesperado e sui generis.


Passados para o interior do forno, verifica-se que ele é, afinal, um imenso túnel abobadado onde se podem ver (pontos mais claros na foto abaixo) os respiradores espalhados pelo túnel. Lamentavelmente, este está cheio de lixo que até nem é difícil de retirar, o que daria ao conjunto um aspecto mais agradável e de verdadeiro espaço museológico como deve ser tratado.



Testemunha de um passado que se adivinha produtivo, um tijolo quase inteiro permanece por ali.


Voltando ao conjunto do espaço, mais dois elementos a assinalar: a presença de carris que serviam para vazer circular as vagonetas com matéria prima e produto acabado. Relatos outros remetem para estes carris virem de alguns quilómetros, que seria a fonte da matéria prima, e se estenderem até ao porto de Dili, por onde seria escoada parte da produção para outros pontos da ex-colónia. Nas obras de reconstrução do antigo "Liceu Dr. Francisco Machado", em Dili, que decorreram há uma dezena de anos os empregados ficaram muito admirados quando, ao retirarem a raiz de uma ávore de grande porte que foi necessário deitar abaixo, viram surgir um bocado destes carris.


Nota curiosa, no local há uma placa que dá conta do facto de Xanana Gusmão ter utilizado estes fornos para, em vários momentos da luta de resistência, se abrigar.


Uma palavra final para o "encontro imediato" mais inesperado: o que se pensa ser o último ou um dos últimos antigos trabalhadores da fábrica, o sr. Manuel Rangel, um homem de 82 anos, ainda rijo, que veio de Maubisse ainda jovem. Uma "história de vida" que deve valer a pena explorar... (ouviu, Anabela?!... Rssss)