terça-feira, 26 de abril de 2016

Suai: dia 1 e 1 maravilha

Dia 1 da estada em Suai e a descoberta de uma maravilha: a aldeia de Suaia Loro.

Trata-se de uma aldeia formada quase exclusivamene por casas tradicionais. Fiquei apaixonado pela aldeia! Espaço bonito, gente simpática e afável. 
Para lá chegar, um percurso de cerca de 10 mins desde o hotel, usa-se uma estrada cheia de "ondinhas"... Não sei se me faço entender... Deve ser da influência do mar, ali tão perto... ;) O "Jaquim" fartou-se de rir no percurso. Tantos saltos faziam-lhe cócegas...
Primeira surpresa: na estrada ver, "first time ever" na minha vida, um... "armazém cómico"! Sabem o que é? Não? Nem eu! Mas tendo sido uma oferta do povo americano deve ser coisa catita!...


E chegamos à aldeia, anunciada pela passagem pelo cemitério local.


A aldeia de Suai Loro desenvolve-se por uma área extensa e visitámos apenas uma parte dela, a assinalada a vermelho no mapa.


Depois de abrigar o "Jaquim" à sombra de uma árvore --- assinalada no mapa abaixo pela "mãozinha" habitual do Google Earth; vejam as coordenadas na linha de baixo ---, peguei na máquina fotográfica e lá fui, de encantamento em encantamento com o espaço e as gentes. Gente feliz, aparentemente. E afável e pronta a colaborar com o fotógrafo, numa atitude que arece absolutamente natural, senão mesmo de um certo orgulho por mostrarem a sua "casa" aos forasteiros.


Mas o melhor é deixar falar as imagens.







Estes são apenas algums dos muitos exemplos de habitações locais, com as características "cortinas" usadas para fechar a casa durante a noite e nas horas de mais calor.

O interior das casas é, no máximo, "espartano". Nem ao menos um colchão de espuma. A cama é o soalho.



As casas estão apoiadas em pilares, afastadas do chão. Possíveis razões: fugir dos efeitos de possíveis cheis provocadas pelas chuvas ou algum transbordar do mar ali perto. Mas também para servir de "caixa de ar" para manter casas mais frescas e para arranjar um espaço suplementar para os animais domésticos.


Como disse, as pessoas são extremamente simpáticas e de contacto fácil.




Tecendo tais. Bem quis comprar um na aldeia mas sem sucesso

Fazendo uma corda a partir de sacos de arroz desfiados



Àquela hora da manhã, cedo e ainda fresco, parecia que toda a gente estava na rua a beneficiar do bom tempo e da conversa com os vizinhos amigos.




Deixando a aldeia chamou a nossa atençãoeste momumento. Monumento ao livro? Não, mas monumento àquilo que vem nos livros: conhecimento! E esta, hem?


Visitada a aldeia, continuámos a nossa volta pela zona. Foi entãoque visitámos um antigo posto de vigia japonês (2ª Grande Guerra) e uma "cabeça" de um poço de petróleo ainda do tempo português. Disseram-nos que há alguns anos o chão ainda borbulhava com o petróleo que saía do chão mas agora ... népia!





Siga a ronda... até ao "Tasi Mane" (mar homem por ser mais agitado que o "tasi Feto", o mar mulher, da costa norte da ilha), Naquele dia o "tasi mane" estava travestido de "tasi feto"...




Vistos os largos horizontes dos mares do sul de Timor, seguimos para o aeroporto do Suai, em obras de ampliação, e fui ver aribeira de Camnasa, ali mesmo naentrada do Suai. A curiosidade deriva do facto de ser o nome de um patrulha de fiscalização oferecido pela Coreia do Sul a Timor Leste e que está em "fabricos" no plano de Behau, perto do "subão", a cerca de 40 kms a nascente de Dili.


Ponte sobre e ribeira de Camnasa. "Isto" é que é a ribeira?!...




Obras de expansão do aeroporto do Suai. Conclusão à espera
que consigam encontrar um terreno para onde deslocar pessoas
que agora vivem demasiado perto da pista aumentada,,,

E aqui terminou o primeiro dia de passeio Suai.


segunda-feira, 25 de abril de 2016

Ainaro: ba Suai!

Everybody on board?!... "Bora": eu , o "Jaquim" e as duas passageiras que entraram em Ainaro e que iam passar 2-3 dias de férias com os colegas professores no Suai. A Teresa --- que eu conheço desde a história "heróica" das Bolas de Berlim que lhe levei de surpresa (nem a conhecia!...) para Oecussi, onde estava então a dar aulas --- e uma colega. A "estória" das "bolas" está por aí algures mais abaixo no blogue.

O percurso que tinhamos pela frente, cerca de 65 kms, está assinalado no mapa abaixo. O percurso do Suai até à fronteira foi feito na quinta feira, em serviço com os deputados do Parlamento Nacional.


Logo à saída de Ainaro em direcção à planície e a Zumalai, passa-se pelo "calvário" que assinala "Jakarta 2", a ribanceira de mais de 100 metros de onde foram atirados, pelos indonésios, muitos timorenses.
Não parámos e limitámo-nos a tirar fotos a um grupo de estudantes que por ali estava a piquenicar. Não parámos à ida mas parámos (longamente) no retorno do Suai, três dias depois, a caminho de Ainaro e Dili.


A estrada até à planície e uma extensa zona de arrozais está, em boa parte, em muito boas condições, ainda que algo estreita e dificultando os cruzamentos de carros num ou noutro local.





Mais adiante passámos pela ponte que, juntamente com a da ribeira Loes, deve ser a mais longa do país.




E assim se chega a Zumalai. E foi aí que fiz asneira da grossa... :( . Salvou-me a minha "navegadora" Teresa que, admirada por a estrada estar em tão mau estado --- "mau estado" é elogio, garanto... --- e estarmos a subir a montanha em vez de continuarmos a "voar baixinho", me fez parar uma motorizada com um casal para lhes perguntar se aquela era a estrada para o Suai. NÃO era... :( . Em vez de, em Zumalai, virarmos para a esquerda e continuarmos na planície, virei para a direita e entrei numa "estrada" ( Kkkkkk! ) como eu nunca tinha visto em Timor Leste... Será uma verdadeira obra de caridade para as populações servidas pela estrada Zumalai-Maliana meter umas máquinas e arrancar todo o pavimento (?) de alcatrão e deixar uma estrada "rural" de terra batida... Ou, como noutras, com uma camada de saibro. 
Não ousem passar por ali! Um amigo meu fez aquela estrada há cerca de duas semanas e disse cobras e lagartos dela... E fê-la de moto, o que lhe permitiu fugir de alguns "buracos. Mas um carro não o consegue fazer!



Voltámos para trás e tomamos a estrada correta. Que está bem "mazinha", benza a Deus, mas suportável a uns 20-25 kms/hora... Na estrada para Baucau, por exemplo, consigo "dar" uma média de 50 kms/hora ajudado por várias retas no caminho. Aqui também são retas mas o piso está muito degradado
E eis que, no caminho, tivemos de atravessar duas pontes como ilustrado abaixo...



E finalmente, depois de uma viagem sem mais "incidentes" de relevo, lá chegámos ao Suai. Fui deixar as minhas "encomendas" com os seus colegas e encaminhei-me para o meu hotel, o Eastern Dragon, perto da entrada da cidade. 
Feito o checkin, "banhei-me" e fui à janta... Um "frango à passarinho" delicioso...
Depois estiquei-me na cama "desfeito" com o cansaço.
Passado pouco estava ó-ó...




Painel usado nas casas da região a servir de "cortina" mas aqui
usado como decoração do restaurante do Hotel Eastern Dragon

domingo, 24 de abril de 2016

Dili-Aileu-Maubisse-Ainaro a caminho do Suai

Terça feira, dia 19 de Abril de 2016: estando prevista uma visita de fiscalização de actividades económicas no município de Suai, combinei com a Presidente da Comissão "D" (Economia e Desenvolvimento) do Parlamento Nacional, a minha "patroa" mais directa, que, uma vez que ia sózinho a conduzir e não em carro do Parlamento com motorista, eu partiria um dia mais cedo que os deputados a fim de estar "fresco que nem uma alface" quando eles chegassem ao Suai no dia seguinte. E assim foi: às 7h40m da matina acordei o "Jaquim" e disse-lhe "anda Jaquim! Vamos "pá" estrada! E hoje prepara-te porque vai ser dose de cavalo!...".
O "Jaquim" esfregou as rodas de contente, estremeceu a cabeça (do motor... ;) ) e fez o "vrum!, vrum!" do costume! E lá fomos "nóis"!
Paragem rápida na estação da Pertamina antes da saída de Dili para dar de beber ao "Jaquim" e... lá fomos nós, primeiro em direcção a Aileu e a um reforço do pequeno almoço no inevitável restaurante da D.Silvina.
A estrada, no quadro de um projeto financiado pelo Banco Mundial para a reformar no percurso Dili-Ainaro, apresenta agora partes muito aceitáveis ainda que não cobertas ainda pelo lençol preto do costume.


A certa altura dá para ver a paisagem do vale de Hera, com a respetiva ribeira e o porto utilizado pela Marinha de Timor Leste como sua principal (e única...) base naval.


As obras na estrada têm várias frentes e por vezes temos de esperar oportunidade para passar. O pior é quando nos aparece pela frente um camião graaaaandeeeee e nos vimos aflitos para o ultrapassar. No regresso do Suai cruzei-me, a certa altura, com este ou outro camião igual e ainda estou para saber como é que o "Jaquim" não o esmagou... Rssss ;) . Diga-se a verdade que ele nunca seria esmagado porque... ele ia do lado da ribanceira... ;) Mas o "Jaquim" encolheu-se todo e lá passámos os dois... Não sei ainda bem como foi, mas conseguimos passar um pelo outro ainda que entre nós coubesse apenas um cabelo... Dois não caberiam!







E de repente,  após uma curva da estrada e cerca de uma hora depois de termos saído de Dili...


O Tatamailau e a cadeia do Ramelau! Limpinho, limpinho, àquela hora da manhã. Liiiindoooo!



Pelo caminho até Aileu ainda passamos pela "uma lulik" (casa sagrada) mais conhecida de Timor Leste e por dois mercados. 
O primeiro, de Laulara, quase esconde o acesso a uma estrada alternativa à estrada principal Dili-Aileu. Esta estrada tem paisagens muito bonitas mas tem o inconveniente (?) de em vários locais o piso ser de uma areia que mais parece pó de talco, muito fina e escorregadia... Cuidado!... Uma parte do seu percurso final é feito dentro do leito da ribeira de Comoro e entra-se em Dili pela zona de Malaeuana e do seu conhecido mercado.
O segundo mercado, mais perto de Aileu, "esconde" outra estrada, a de acesso ao vale de Soloikraik (maravilhoso, principalmente nesta época do ano, com os arrozais verdinhos, verdinhos...), com a sua vista a perder de vista e com o Tatamailau ao fundo. A estrada continua até Gleno, ligando Aileu a esta cidade.






E finalmente, Aileu. Ou, melhor, o restaurante da D. Silvina. Infelizmente não eram ainda horas de comer o melhor caril de frango do hemisfério sul. Bem... Depois de ter comido um no Suai, no hotel Eastern Dragon, este afinal não é o melhor mas sim o segundo melhor... ;)


Depois de uma sandocha e uma bebida, estava na hora de re-partir em direção a Maubisse e Ainaro, onde me esperavam duas amigas, ambas professoras portuguesas na "escola de referência" daquela cidade, que me tinham pedido boleia para irem passar uns dias de férias ao Suai.

Pouco antes da saída de Aileu passa-se pelo edifício da antiga administração portuguesa e pelo conhecido --- mas agora um pouco maltratado... --- monumento aos "massacrados de Aileu", mortos durante a ocupação japonesa.



Siga a volta... agora a caminho de Maubisse e, depois, Ainaro, onde me esperavam as minhas amigas e... umas moelas de caril... Mnham, mnham....

Entretanto, alguns quilómetros depois de Aileu percorridos em velocidde razoável num troço de estrada já preparado para receber o tapete preto, passa-se por um vale onde existe um pequeno mercado e uma cooperativa de produção piscícola, de carpa do Nilo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Perca-do-nilo).


Os mercados, em qualquer parte do mundo e em particular em Timor Leste, são a delícia de um fotógrafo que queira captar o ambiente humano local. Este, "pequenissíssimo", não é excepção... ;)



Passado o mercado começa a subida da montanha que, depois, nos vai levar a Maubisse. 
A estrada, nesta zona, está em obras ao longo de vários quilómetros e frentes de obras. Em algumas assisti a verdadeiros malabarismos das máquinas, uma ou outra armada em "trepadora".





E por fim Maubisse e seu castelo altaneiro. Perdão: sua pousada altaneira...


E o monumento, do tempo da administração portuguesa, ao régulo Benevides, também ele vítima, às mãos dos japoneses, da sua fidelidade a Portugal.



 Na estrada, bordejando-a, plantas do famoso café de Maubisse.


Bem como algumas paisagens espetaculares da região do Ramelau.




A vegetação aqui é diferente do que estamos habituados a ver ao longo das estradas do país já que aqui reinam as árvores de regiões mais frias, de altitude, nomeadamente os pinheiros.


Passado o desvio para a povoação de Hato Builico, que serve de base de apoio aos que querem subir o  Tatatamailau...


... continuamos a subir até aos cerca de 1500-1600 metros, antes de começar a descer para a "flecha" e a bifurcação da estrada para Same ou para Ainaro, para a direita.


A paisagem é esmagadora, com o monte Cablaque à nossa frente, parecendo uma barreira intransponível.




E finalmente, depois de mais umas quantas curvas e obras na estrada (e alguns sustos no cruzamento com camiões das obras --- muuuiitooos... ---, "angunas" e "biscotas", ambos a abarrotar de passageiros), Ainaro.


Antes das moelas de caril demos uma espreitadela ao monumento que imortaliza o régulo D. Aleixo Corte-Real, também ele vítima dos japoneses (1943).



Por agora é tudo. Vou ali às moelas e já volto... ;)