Já tinha estado em Fatubessi há cerca de 2 ou 3 anos. O caminho é ir de Dili a Gleno, passar por dentro de Ermera e continuar em frente até chegar a Fatubessi.
Actual Igreja de Gleno
Antevisão da Igreja a construir em Gleno
A conhecida Igreja de Ermera com os seus característicos azulejos
Casa de Gleno de que se vê um parte na foto da Igreja
Nela viveu há muuuuitoooos anos uma amigazinha minha.
Construção típica da zona de Aifu, entre Ermera e Fatubessi:
pedra rigorosamente emparelhada
Mais casas típicas da região de Aifu
Depois é descer a encosta desde Fatubessi até à aldeia da Mata Nova onde foi redescoberta a planta, agora com 83 anos, que é o "híbrido de Timor" e cuja multiplicação está na origem de muito do café que se plantou por esse mundo fora, das Américas à Ásia passando por África.
A história desta planta (umazinha!...) pode ser vista aqui:
http://www2.iict.pt/?idc=21&idi=19899
A ribeira Loes e alguns dos afluentes que a engrossam e, ao fundo
a zona de Maliana, de Bobonaro e do monte Cailaco
Capela de Fatubessi, onde está guardada
a imagem da Virgem Peregrina (ver em baixo)
Descendo de Fatubessi para Mata Nova
Casa de Mata Nova
Chegados a Mata Nova, depois de cumprimentados pelas autoridades locais e informados de que o pé de cafeeiro, recentemente redescoberto, estava a uns "míseros" cerca de 200 metros, lá se meteu o grupo a caminho. E eu com ele, claro --- ainda que os cabelos brancos já me tenham ensinado há muito que o metro em Timor Leste, provavelmente por causa do calor e da dilatação que provoca nos corpos, costuma ter mais de metro e meio...
Mas... Alto e pára o baile! O que é isso! Não me disseram que só os primeiros 30-40 metros eram mais ou menos planos... e que os outros todos eram numa verdadeira ravina com, no mínimo, uns 40% de inclinação! Juro pela alminha do meu gato! (que nunca tive... Sou mais de cães...) Assim não vale! O quê?!... Descer isto tudo E DEPOIS SUBIR?!... Na! O filho da minha mãe, com esta "morfologia", por mais linda que seja, não se mete nessa alhada!
E não meti! havia de ser bonito se escorregasse e partisse uma perna... Como é que os outros faziam para me trazerem para cima? Rolavam-me, era?!... Nem pensar!...
E assim decidi ficar por ali mesmo, tirando algumas fotos, conversando um pouco e... fazendo de Pai Natal em Outubro!
A "estória" do Pai Natal explica-se rapidamente: calculando que as novas moedas de 100 centavos (equivalentes da um dólar) ainda não tivessem chegado onde o diabo perdeu as botas, "aviei-me" no banco central e levava três sacos de moedas para distribuir... Foi-se o primeiro, foi-se o segundo... mas o terceiro já não foi necessário. Ora toma: pataca a ti, pataca a ti, a ti pataca... E lá se foram cerca de 50 dólares distribuídos por tudo quanto tinha boca e mão para estender e receber a moeda. Deliciei-me vendo mais velhos e mais crianças de olho arregalado para moedas tão reluzentes...
Entretanto chegaram os meus companheiros de viagem. Todos com a língua de fora mas lá foram chegando. Incluindo a minha colega a quem, sabiamente, tinha entregue a minha máquina fotográfica mais pequena para fotografar o dito cujo pé de café.
De regresso ao ponto de partida...
Ágil e fresco que nem uma alface...
O pé de café, no meio, protegido por uma rede
Eis aqui o pé de café que mudou a face do mundo!... Resistente a várias doenças, descendentes deste pé foram cruzados, nomeadamente no Centro instalado em Oeiras, com plantas mais produtivas originárias de outros países e ajudaram a salvar a produção agrícola mundial quando esta foi atacada pela ferrugem do cafeeiro.
A visita terminou com uma reunião com a população e as autoridades locais. No meio da conversa alguém identificou entre a assistência um indonésio de Bali que... lutou no mato pela independência de Timor Leste e como tal foi reconhecido pelas autoridades centrais do país.
Enquanto decorria a cerimónia lá fui tirando mais algumas fotos.
E finalmente fizemo-nos novamente à estrada. Demorámos cerca de três horas, sem parar e quase sempre aos saltos, chocalhados de um lado para o outro tal o estado lastimável das estradas na maior parte do percurso.
Mas de tudo o que vi naquele dia o que mais me chocou foi ver dezenas, certamente centenas, de "madres del cacau", as árvores gigantescas que protegem os cafeeiros do sol directo, caídas por terra em resultado da "bicheza" que as vem atacando de há anos a esta parte. A estrada entre Fatubessi e Ermera, principalmente, é um autêntico cemitério destas árvores magníficas! Um verdadeiro desastre!