segunda-feira, 19 de março de 2012

Dili - Railako P.P.

Domingo 18 de março... Acordei mais chateado que peru em véspera de Natal e decidi meter-me no "Jaquim" e começar a rolar... Sem destino! Não fazendo ideia sobre onde ir... De repente deu-me um "vaipe" e comecei a dirigir-me para a zona de Tibar para ver a paisagem e, nomeadamente, os pescadores da "aldeia peskadores" que ali há. Talvez houvesse peixe fresco...
Chegado lá, "nickles, batatóides"... "Ikan la hia"... E sendo assim, fui em frente pois para a direita seria ir em direcção a Maubara e esse percurso já é bem conhecido.
Passei frente ao Centro de Formação Profissional que Portugal ajudou a criar ali e continuei. Sempre em frente, sem destino, sem saber quando e onde voltaria para trás... E assim fui andando. Como era cedo e não tinha pressa...
A região é (e está neste momento) extremamente verdejante e só isso dá uma paisagem deslumbrante, que em alguns momentos faz lembrar Sintra.



Quando dei por mim estava a subir, a subir e a ver a ribeira de Tibar cá em baixo e depois de uma curva da estrada deparei com uma pequena povoação (Fahite) com direito a uma Escola Primária... "Rui Nabeiro"!... E a uma campa enorme, dedicada a dois heróis locais da luta pela independência. Ora toma!




Chegado aqui, só me restava uma alternativa: ou voltava para trás ou seguia em frente... :-) Segui em frente, a caminho de Railako, por onde não passava há muito tempo. "Vamos nessa, Jaquim?!..."

E lá fomos os "dois da vida airada"...  Buraco aqui, buraco ali, lá fomos andando até darmos com a estrada interrompida (sendo necessário passar por dentro da ribeira) e, mais à frente, com a ponte que marca a entrada no distrito de Ermera... E logo a seguir mais buracos, claro!






Foi logo a seguir a esta zona de buracos que dei com "ela"... :-)  Uma timorense vestida de forma tradicional do dia a dia das populações rurais. Apanhou-me com a máquina fotográfica na mão e "fechou a cara" de uma maneira que não deixava dúvidas que não queria ser fotografada. Teimoso, não resisti... Ía lá eu perder um "boneco" destes!... Sorry!...


E continuei em direcção a Railako. A vila está como eu a recordava, semi-parada no tempo mas com algumas construções que chamam a atenção, como a igreja, a escola secundária e o mercado municipal.




Estava na hora do "meia volta! Volver!..."

Inverti o sentido da marcha e voltei recambiado pelo mesmo caminho...


Junto à ribeira que tinha passado "a vau" e parei para mostrar o local e a queda de água que ali se forma ao "Jaquim" e dizer-lhe ao ouvido: "tás a ver Jaquim! Passaste para cá e agora tens de passar para lá. Tá bem, miga?!..." (ele adora que o trate assim, por "miga", à moda de Setúbal...).

E lá fomos nós. Claro que tinha de aparecer um grupo de miúdos, com um fazendo as suas macacadas...


Mais adiante, numa curva da estrada, dei com uma cachoeira que me chamou a atenção mas só depois de ter saído do carro para a fotografar é que me apercebi que havia pessoas --- mãe e filha!... --- lavando roupa aproveitando a água abundante e cristalina.


Mais umas fotos e lá vou eu a caminho da ponte de saída do distrito de Ermera. Quando passei no local lembrei-me da timorense que tinha visto na ida para Railako e prescrutei a zona para ver se a via. Nada. Só que, de repente, apercebi-me que estava um pequeno grupo de pessoas sentado na borda da estrada. Travei, fiz marcha atrás e... Lá estava ela mais uma amiga e umas crianças que percebi depois serem netas das duas.
Entretinham-se na conversa e mascando areca, fazendo as necessárias misturas, incluindo a cal.


Decidido a não sair dali sem uma "chapa" como deve ser, apeei-me do carro e meti conversa. Para me insinuar junto das avós há lá melhor coisa que tirar fotos das netas e mostrar-lhas?... Pois foi o que fiz... Rsssss!...
Remédio santo: passado um bocado já a cara "fechada" de uma hora antes se estava a abrir em sorrisos mas quando via a máquina apontada a ela o caso mudava de figura... :-) Fechava a boca, com vergonha de mostrar os dentes pretos e a masca que tinha na boca.
Mas lá consegui ir tirando uma foto aqui, outra acoli... com um sorriso aqui, outro acolá. Mas nunca consegui o sorriso franco, aberto, que queria... Paciência!... Precisava de uma ajudante que lhe fizesse cócegas enquanto eu tirava o "boneco"... Rssssss!



Feitas as fotos, meti-me novamente no carro e continuei o caminho para Dili.
O resto do caminho não teve grande história. A não ser o facto de, já em Dili, me ter lembrado de ir ver se uma das minhas "musas" (Tchiiiii" Qu'exagero!...) estava em casa, mesmo junto da "praia do cemitério". E não é que estava mesmo? Lá ficou registado para a posteridade mais um sorriso da Laura, quase o mesmo que eu vi pela primeira vez há uns 7 anos atrás espreitando para mim pelo espelho retrovisor do carro.


Sinal dos tempos: ela, que não dizia quase nada em português, conseguiu exprimir-se com alguma desenvolvtura, dando perfeitamente para a perceber. Grão a grão...

terça-feira, 13 de março de 2012

Andando às voltinhas em Dili...

Pois é: a época das chuvas não é muito propícia a fazer o que mais gosto: andar por aí às voltas na montanha... Sem ser uma ou outra sortida a casa do Vô Serra e um saltinho ao vale de Seloi Kraik, lá para os lados de Aileu, mal tenho saído de Dili...
Resultado: de vez em quando lá vou eu dar umas voltinhas pelas ruas da cidade.
Uma das "voltinhas" --- diária, no caminho "casa"-trabalho-"casa" --- é percorrer a Avenida de Portugal, vulgo "Praia dos Coqueiros", vulgo "marginal".
Pois então não querem ver que houve um engraçadinho que resolveu copiar o estado em que está o país que dá nome à avenida e... enche-la de buracos!... O curioso é que o argumento deve ser a necessidade de remendar uns quantos buracos que por lá havia e pecisavam, de facto, de reparação. E porque não aproveitar e arrancar o pavimento quase todo, mesmo o que estava de uma qualidade absolutamente aceitável?!... Ganham os empreiteiros (ó se ganham!...) e ganham os burocratas, que assim executam o Orçamento Geral do Estado. Não andavam sempre a queixar-se que nalgumas rubricas a taxa de execução era baixa? Pois então, toma!... E o resultado está à vista...



Noutra vez fui até Taibessi e revisitei a zona onde já morei uma vez, cerca de 3 meses, "aboletado" em casa de uma amiga. Aí fui dar com uma nova construção um bocado "kitsch" que, dadas as suas dimensões relativamente reduzidas nem percebi se é (pequena) habitação ou capela ou (grande) oratório... Enfim... A urbanização de Dili no seu melhor do "salve-se quem puder"...


Aquela estrada (nas traseiras do que foi o antigo Quartel General português em Timor) tem o que é, provavelmente, o maior conjunto de gondões/gondoeiros (banyan trees) de Dili e, eventualmente, de Timor Leste. E já faltam alguns que um "marquês" resolveu cortar há uns 2-3 anos para construir um muro...




Na zona, perto do cemitério chinês, dei com este estabelecimento e fez-me "espécie" o uso da estrela de David.


Intrigado, tentei saber o porquê e a minha amiga Anabela encarregou-se de me explicar, tim-tim-por-tim-tim, uma das teorias (eventualmente a mais plausível) que explicam o fenómeno. Há por aí alguma (outra) sugestão para aparecer em Timor um dos principais símbolos judaicos? Curiosidade de descentende de cristão-novo... :-)

E finalmente, naquela zona fui dar novamente, agora com direito a um letreiro "à maneira", com a loja da minha irmã... Rsss!... Mentirinha... Eu e o meu irmão é que não éramos capazes de dizer "Maria da Graça" e abreviámos o nome dela para "Mimi"... Faço questão de continuar a chamá-la assim... :-) [curiosamente há uma segunda "Mimi" na família, essa ainda mais velha e... brasileira!... A Maria da Glória. Mas isso é uma outra "estória", resultado da diáspora de um "Leiria", meu tio-avô, no início do século XX...].

Mais uma voltinha, mais uma viagem...