domingo, 29 de abril de 2012

Revisão da matéria dada (com dedicatória...)

Já o disse e repeti várias vezes que uma das minhas paisagens preferidas de Timor Leste é o extenso vale de Seloi Kraik, na estrada que liga Aileu a Gleno.
Tinha lá estado há algumas semanas atrás, quando os camponeses preparavam os campos e faziam a sementeira de arroz.
Passadas algumas semanas, lembrei-me que esta seria a melhor época para revisitar a região pois os arrozais estariam em pleno desenvolvimento antes de se iniciar a época da colheita.

Esta viagem chegou a estar prevista para umas duas ou três semanas atrás para a dar a ver a uma amiga especial que por cá andou e que como eu, adora as montanhas de Timor Leste. A "reportagem" que aqui fica é uma pequena lembrança/homenagem para ela, que não teve oportunidade de ver o que os meus olhos viram. Como o outro, procurei ser "os olhos e os ouvidos do rei"... :-) Fica para a próxima, tá?!...

A estrada para Aileu está cada vez pior mas a primeira "chapa" foi "batida" não a um dos muitos buracos ou irregularidades do pavimento mas ao resultado de um acidente pouco vulgar: uma "anguna" pôs um rodado na vala que bordeja a estrada e por ali ficou à espera que a tirassem daquele "sufoco"...



Com uma estrada que está cada vez pior (documentado na "entrada" relativa à viagem anterior a Seloi Kraik), não houve grandes motivos para tirar fotos pelo caminho. Uma excepção (e que excepção): depois de chegarmos ao topo da montanha que circunda Dili e "virarmos para o lado de lá", demos, ao longe, com o Tatamailau sem nuvens --- mas com estas a aproximarem-se rapidamente...


E finalmente, ao fim de cerca de 1h45m depois de ter saído de Dili (40 kms percorridos...), cheguei (chegámos, eu e o meu parceiro de viagem, o meu primo Leiria) ao destino. Lá estava a árvore que me serve de referência para as muitas fotos que dali tenho feito ao longo dos anos e lá estava aquele "marzão" de verde do imenso arrozal! Tl como estava, ao longe, o Tatamailau mas já encoberto pelas nuvens.




Um objectivo da viagem era entregar ao chefe de suco do local umas fotos dele e dos filhos que eu lhe tinha tirado anteriormente e por isso fui bater-lhe à porta. Surpresa: ele tinha vindo para Dili... Provavelmente cruzámo-nos pelo caminho. Entreguei as fotos à esposa e inverti a marcha, de regresso a Dili.

Por ali perto fica esta construção que parece mais um local de reunião do que uma casa sagrada

Notámos igualmente que na região há um número apreciável de pés de café arábica, Contrariamente ao que sucede noutros locais (nomeadamente em Vatuvou/Maubara), as plantas de arábica estão carregadas de frutos e alguns já mostram sinais de estarem quase maduros. Mais um mês e muitas destas cerejas estarão prontas para serem colhidas. Pena é que a colheita não seja feita criterioamente, sendo apanhadas simultaneamente as cerejas maduras e as que só deveriam ser colhidas algumas semanas mais tarde.


Uma paragem no caminho para mais umas fotos do vale e de um timorense que vinha do vale e trazia às costas um saco que inicialmente julguei ser de arroz. Só quando passou por mim é que me apercebi que "ensacado" vinha... um "babi", um leitão!



O regresso a Dili não teve mais "estória"...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Barba e cabelo, sff!... ;-)


Que ternura de imagens!... Mercado de Ali-laran, antes da saída de Dili para Aileu e para Taibessi. Cerca das 3 da tarde de hoje! Como todos os meses eu e os meus colegas visitamos os vários mercados de Dili para termos uma ideia do que está a acontecer em termos de evolução dos preços e, por isso, da taxa de inflação em Dili.
Para não haver "interferências estranhas", o malae fica no carro, na sua função de motorista do "Jaquim", e os colegas, timorenses, vão às compras... Eis senão quando hoje dou com esta cena de uma ternura enorme...



O vendedor, pacientemente e munido de uma pequena tesoura e de um pente, "fazia a barba e o cabelo" ao leitão que se preparava para vender. Assim esteve longos minutos e depois de a tarefa terminada pegou numa camisa que tinha ao lado e limpou o porco todo, não fosse ele ficar incomodado com algum resto de cabelos no corpo... E o porco estava deliciado... Nunca tugiu nem mugiu... Cenas da vida quotidiana em Dili!... Ganhei o dia!... :-)

PS - claro que perguntei o preço do bichano... 30 dólares (cerca de 22 euros). Mas desconfio que com uma boa negociação "saía" por 20 ou 22 USD... ;-)


domingo, 15 de abril de 2012

4 - dias de fim de semana - 4 !

Fim de semana de eleições, com estas a decorrerem a uma segunda-feira, deu nisto: um super fim de semana de 4 dias (de sábado a terça) porque na terça feira há "tolerância de ponto" por causa dos timorenses que, para votarem, tiveram que se deslocar aos seus distritos de origem e onde estão recenseados (foi dado um período de 4 meses para as epssoas actualizarem a sua inscrição nos cadernos eleitorais mas não serviu de nada... :-) ) e precisam de tempo para regressarem a Dili.

Aproveitando a estada em Dili de uma amiga, fui, a pedido dela, para a montanha fora de Dili. E a "montanha fora de Dili" mais perto de Dili é o Remexio... Ainda por cima adoro o local, dos mais bonitos de Timor.
E lá fomos nós a caminho do Remexio...
Como não tínhamos muito tempo, ficámo-nos pelo caminho, no recanto mais bonito do percurso: uma cascata com direito a um pequeno local para um lanche.

Aqui ficam algumas fotos do local.

O mais interessante é que eu já tinha passado no lcal várias vezes mas sempre era atraído pela cascata que está em frente de quem estaciona o carro no local. Eventualmente por nas outras épocas não haver água em abundância, nunca me tinha apercebido de que à esquerda dessa cascata havia uma outra que se reunia com ela ao nível do chão.
A verdade é que esta segunda cascata está um pouco encoberta por uma árvore de grande porte e por ramagens várias já que o local é extremamente verdejante, como se calcula. Foram precisas algumas "manobras" para me aproximar o suficiente e ver esta segunda cascata em todo o seu esplendor!



 

Imediatamente acima: imagens da cascata da esquerda, a mais alta

Para quem está em Dili e não sabe como ocupar algum do seu tempo livre, aqui está uma boa sugestão: em cerca de 2-3 horas (conforme vá ou não até à povoação de Remexio propriamente dita; e vale a pena ir) faz uma "voltinha" muito agradável... Bora?!... :-)

domingo, 1 de abril de 2012

E se de repente, saindo do nada, começasse a ouvir algo que soa a fado?!... Em pleno Dili!...

Confesso que foi com um misto de estranheza, primeiro, e de emoção, depois, que hoje ao almoço no "Arbiru" ouvi o que me identificaram como sendo uma reminescência do fado tal como deixado pelos marinheiros portugueses de quinhentos e comerciantes nossos patrícios dos séculos seguintes algures na Malásia (Malaca), primeiro, e em Java, depois...
A música foi-me identificada como o "krongcon" [leia-se "crongtchon"] --- que na Wikipedia e noutros locais aparece como "keroncong" --- e estava a ser tocada por um grupo de músicos timorenses que, disseram-me depois, há cerca de 20 anos não se encontrava para tocar. Estão agora a ensaiar para posteriormente darem alguns concertos.


O vocalista do grupo, senhor de um vozeirão que dá gosto ouvir...

O único instrumento comum com o fado é a viola, sendo os restantes versões diferentes do cavaquinho ("ukelele" na versão havaiana, levado pelos madeirenses) e o violoncelo.





Apercebendo-se de que eu era português os músicos decidiram cantar uma versão com a letra num "português mais que perfeito" que, naturalmente, me sensibilizou.
Enfim, foi uma experiência que me emocionou muito... (quem me conhece melhor sabe o que é que isto significa... ;-)  ).
Fiquei ansioso para ver o primeiro espectáculo público do grupo... :-). Daqui a cerca de um mês, ao que me dizem.

Depois do almoço com um casal amigo fui dar uma volta e dei com o início dos preparativos da Semana Santa. Nomeadamente com pequenos nichos dos passos da processão da Paixão.


Finalmente, terminei as actividades no "mercado dos tais" para ver as novidades. A principal novidade foi um calor abrasador que me fez regressar mais ou menos rapidamente ao aconchego do ar condicionado co "Jaquim", primeiro, e do meu apartamento, depois.
Mas no entrementes (ena!... Hoje é mesmo domingo...) ainda deu para espreitar um colar pouco vulgar.


E assim se passou mais um domingo... Prá semana há mais... :-)