sábado, 29 de setembro de 2012

Em busca do túmulo "perdido".. lá para os lados de Ermera...

Depois de algumas "negociações" com uns amigos sobre a data-hora da partida de mais uma "expedição", metemo-nos à estrada em direcção à região de Ermera.
O objectivo era visitar a casa e abrigo onde Konis Santana, um dos principais líderes da resistência armada à Indonésia (F. 11MAR98) tinha vivido escondido dos indonésios durante uma dúzia de anos bem como o túmulo onde repousam agora os seus restos mortais antes de serem (proximamente, ao que consta) transladados para o cemitério de Metinaro onde repousam outros heróis da resistência armada.

Chegados a Tibar continuámos em frente, tendo passado pelo centro de formação profissional apoiado pela cooperação portuguesa e depois começámos a subir a montanha.
A estrada está "suportável" até Railaku mas a partir daí é o (quase) descalabro durante uns bons quilómetros, até perto de Gleno.



Zona por excelência de produção de café em Timor Leste, largos troços de estrada estão rodeados de caféeiros que estão neste momento numa segunda floração e produção.



Como não sabíamos exactamente o local por onde, a partir da estrada principal, se acedia ao local que pretendíamos atingir o remédio foi mesmo ir perguntando. Felizmente a "chefe" da expedição fala tétum e entendeu-se com as pessoas e depois de nos metermos por verdadeiras "picadas" conseguimos chegar ao destino ... derca de 2h30m depois de sairmos de Dili.

 Escola básica da aldeia onde está a casa, no suco de Mirtuto, em Ermera

 Casa onde está o esconderijo usado por Konis Santana

Visão parcial do "corredor" do esconderijo. Foto tirada da "boca do túnel"
que dá para o exterior e servia de saída de emergência 

Actual campa de Konis Santana. Curiosamente e obedecendo a uma tradição de Lospaos, de onde ele era originário, a cabeça não está junto à cruz. A posição em que a campa foi construída e a tradição de Lospalos de os mortos serem enterrados com a cabeça virada para a sua terra natal, obrigou a colocarem o corpo no sentido inverso, com os pés junto da cruz

Cumprida a missão que nos levou ao local, voltámos para Dili, "apanhando" com os mesmos buracos na estrada que tínhamos "apanhado" a subir a montanha.

Pelo caminho nada de novo a assinalar, a não ser os vários túmulos "monumentais" que surgem aqui e ali homenageando os mortos locais durante a luta de libertação.



terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dili - Baucau BM

Por necessidades profissionais tive de me deslocar a Baucau para reuniões nas passadas segunda e terça-feira. Como não tinha nada de especial para fazer no domingo à tarde e o "pézinho" me estava a saltar para ir para a estrada... lá fui eu!

Pelo caminho fui tirando fotos e mais fotos mas aqui vão ficar apenas umas quantas, claro.
Primeira paragem em Hera para fotografar a central eléctrica a pedido de uma colega que está a fazer uma tese de pós-doutoramento sobre os investimentos chineses nos PALOP.

Passada, mais adiante, a "praia do dólar"...


... continuámos (eu mais o "Jaquim") em direcção ao "subão". Nalguns locais a estrada foi alargada mas noutros deram-se derrocadas. Tudo à espera do empréstimo japonês para fazer obra como deve ser... :-)


 
Na zona de Manatuto, aqui e ali vêm-se arrozais verdejantes mas na maior parte dos casos a terra está ainda muito seca, à espera do início da época das chuvas para se iniciarem as sementeiras.
 
 
É na confluência das estradas que seguem para Baucau uma por fora de Manatuto e outra por dentro da vila/cidade que se vê bem como os timorenses são conservadores, agarrados à tradição!...
Há uns 11 anos que passo pelo "entroncamento" em "bico de ferro de engomar" das duas estradas e há 11 anos que os mesmíssimos buracos lá estão, pacientemente, ano após ano à nossa espera! Eu conheço-os desde há 11 anos mas nem me admirava que chegassem à conclusão que já lá estavam quando o Fernão de Magalhães andou por ali...
 
 
 
Manatuto e suas zonas de arrozais são também conhecidas pelos seus famosos banhos de lama que fazem bem à cutis... Aqui está um cliente. Hummm!... Tássebem!...
 

 
 
Bem... Vamos lá encurtar a história porque senão nunca mais lá (a Baucau) chegamos...
 
Tendo chegado ao fim da tarde, encontrei-me com o meu amigo Jesus (Não! Não é o lá de Cima! É o tão xarroco como eu mas que está a ajudar o Bispo de Baucau nas actividades económicas da Diocese, particularmente na própria Pousada) e depois de jantarmos e pôr a escrita em dia ele levou-me a ver o estado das obras do auditório para seminários e reuniões semelhantes com capacidade para cerca de 70 pessoas. O efeito de noite é espectacular mas de dia apercebemo-nos melhor da dimensão da obra.
 

As reuniões decorreram "normalmente" e não vamos falar delas pois se trata de assunto profissional sem interesse para aqui.

Como havia muita gente envolvida e a capacidade em quartos da Pousada é limitada, fiquei numa "guest house" nas proximidades, "coisa" para figurar em qualquer guia turístico com 0,75 estrelas... :-)

No segundo e último dia de permanência tive "companhia" para o duche... Ainda pensei em dar-lhe banho também mas acabei por adoptar a estratégia de "eu cá, tu lá", tendo tomado o duche meio no quarto, meio na casa de banho...


Brrrrrrr!... Zarpei dali o mais rápido possível e fui, tal como tinha ido no dia anterior, ver o nascer do sol.
 
No primeiro dia meti-me pela estrada que passa pela "guest house" e, mais adiante, pelo antigo hospital português (em obras) e que termina uns 3-4 kms à frente.
 

 

No último dia meti-me pela estrada que de Bacau desce até à praia e foi desta que vi o nascer do sol.
 
 
Concluidas as sessões de trabalho do seminário em que tinha ido participar,dei uma volta pela Pousada para constatar que estavam a retirar o telhado de zindo pintado de cor de rosa (que tinha sido colocado pelos indonésios) a fim de reporem a "verdade histórica" do edifício central: colocação de telha portuguesa... made in Portugal...
 
 
O regresso a Dili na terça-feira de tarde não teve história. De registo apenas o estado miserável em que está, nalguns locais, a estrada (nomeadamente na zona de Bucoli, onde a construção de uma ponte parece as "obras de Santa Engrácia"...), e uma casa típica com o telhado excepcionalmente alto.
 
 
 
 
E por agora é tudo! Até à próxima viagem, provavelmente ao Remexio



domingo, 23 de setembro de 2012

Seloi Kraik e Aileu...

Sábado 15 de Setembro...
Como um casal amigo não conhecia Seloi Kraik e ele nem conhecia Aileu, toca a embarcar e dar uma voltinha por lá, ainda que sabendo que esta não é a melhor altura para ir a Seloi Kraik pois a época das chuvas ainda não começou e, por isso, não há arrozais verdes "para encher o olho" mas apenas terra seca. Mas ainda assim valeu a pena. Sempre...

A estrada Dili-Aileu está pior que nunca e a anunciada reconstrução da mesma com um empréstimo do Banco Mundial não está para tão cedo...
Mas lá fomos aos "trancos e mancos", comigo a lembrar-me que foi na última viagem naquela estrada e num solavanco maior que arranjei um problema num olho (entretanto resolvido graças, nomeadamente, ao óptimo atendimento na Clínica do Olho no Hospital Guido Valadares, em Dili).
Como saímos de Dili já depois das 9h, a minha prepocupação era a de saber se encontraríamos o Tatamailau descoberto ou já encoberto, já que normalmente acorda "destapado" e depois vai-se encobrindo com a crescente formação de nuvens.
Felizmente, depois de quase uma hora a subir a montanha "virámos" para o outro lado desta e o dito Tatamailau apareceu-nos ao longe com todo o seu esplendor, descoberto mas já a ameaçar que seria por pouco tempo.


Estugámos o passo para chegar o mais depressa possível a Seloi Kraik e quando chegámos ainda tivemos a oportunidade de ver o vale "coroado" por "Sua Majestade" Tatamailau!

 A foto do costume: há anos que tiro fotos do vale tendo como referência esta árvore, agora quase despida e aparentemente meio moribunda mas outrora bem viçosa
 
Aí está ele! O Tatamailau visto de Seloi Kraik e como que coroando-o

 
Uma das coisas que mais me atrai neste vale, nesta época como noutras, é o seu enquadramento e o silêncio. O som do silêncio é espectacular! O enquadramento porque, um pouco à semelhança do que sinto quando vou ao Remexio, fico sempre com a sensação que este é um vale "perdido" no mundo e que este pode desaparecer sem que no vale se dê por isso!

Como não há ainda água suficiente para fazer a sementeira de arroz, a actividade no vale reduz-se a muito pouco. Aqui o ali aproveita-se a água de um furo e nas margens do lago há quem aproveite para tentar "pescar" o almoço...



Terminada a visita a Seloi Kraik iniciámos o caminho de volta colhendo imagens de mais um ou outro pormenor da paisagem: as crianças que carregam lenha (quase) mais pesada que elas, o milhafre (?) que sobrevoa o vale procurando comida ou o kuda, lembrando os filmes de "índios e cábóis", que aproveita a palha seca para encher a pança!




E lá fomos nós a caminho de Aileu. Mais uns 6-7 quilómetros a descer e estavamos lá. Como era hora de almoço fomos à procura do dito (o costumeiro caril de frango) no local do costume (o restaurante da D. Silvina), desde há algum tempo em local construído de raiz e mais amplo uns 30-40 metros adiante das antigas instalações.

"Caril de frango para três, sff"!... Diga-se que quando o dito chegou confirmou o que sempre digo: trata-se do melhor caril de frango do hemisfério sul... :-)

Saciadas a fome, a vontade de comer e a sede, fomos fazer o início da disgestão para outro local: o monumento aos "massacrados de Aileu", 12 portugueses (da metróploe e da então colónia de Timor) que morreram durante a invasão japonesa na segunda Grande Guerra massacrados pelo invasor ou, noutros casos, por suicídio para evitar o quase certo (?) mau tratamento pelos japoneses.

O monumento, que já foi restaurado nos primeiros anos após a saída dos indonésios, às ordens e sob a orientação do Dr. Rui Fonseca, está hoje, novamente, muito degradado. As marcas do tempo estão bem visíveis.



 


A quem caberá a responsabilidade da conservação, com dignidade, do monumento? A Portugal, pois são filhos seus que ali estão, ou a Timor Leste, pois este é um monumento no país? Ou a ambos. Entendam-se mas façam qualquer coisa. Urgentemente. A humidade da zona está a corroer completamente as construções e o arco de entrada apresenta uma racha de um lado ao outro que não é de bom augúrio...

Coordenadas do monumento aos massacrados de Aileu

Estava terminado o passeio. Apontámos a norte e viemos pela mesma estrada que nos levara até Aileu, encontrando pelo caminho outros companheiros de viagen, como este "bus" que parecia ter saído directamente da 2ª Guerra!...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A volta...

Na entrada anterior "falei" da viagem de ida de Timor Leste para Portugal. Agora escrevo uma (pequena?) nota para dar fé do caminho inverso...
Felizmente tudo decorreu sem problemas, numa viagem "corrida", quase sem paragens nos aeroportos. Saída de Lisboa cerca das 15h30m de quinta feira 30AGO e chegada a Bali às 20h do dia seguinte, cerca das 13h de Portugal. Mais ou menos 22h de viagem das quais cerca de 20 dentro do "passarão" da KLM... Olhem que nem é mau...

A viagem em si não teve história. Não fora ter de ajudar, via telefonemas, uma amiga que vinha de viagem e que precisava de assistência na sua chegada a Bali e tudo tinha sido uma sensaboria... :-)

No sábado de manhã fui dar uma volta até umas lojas de Bali (Legian) já conhecidas para ver se havia novidades. Infelizmente --- não sei se me entendem... :-) --- havia! Nomeadamente um elefante recoberto a prata e umas peças do Tibete, em esmalte, que se me grudaram nos olhinhos e não mais os largaram... "Marvado" seja quem inventou os cartões de crédito... :-(



O resto de sábado não teve grande história, a não ser já à noite, quando a minha amiga que vinha a caminho de Bali chegou. Tudo se resolveu e lá fomos jantar, tendo eu "devolvido" a "piquena" ao seu hotel depois do repasto.

"Romingo" de manhã foi a vez de ir fazer uma massagem para pôr as pernas e os "peses" no lugar e de me despedir da minha amiga que seguiu nessa manhã para Dili.

Entretanto e face à perspectiva de ficar a "olhar para o boneco" durante a tarde, contratei no próprio hotel onde fico desde há uns 10 anos a esta parte uma excursão ao templo de Tanah Lot, famoso pela sua arquitectura e localização e por ser um ponto muito requisitado para observação do pôr do sol.
A viagem em si não tem nada de especial, não fora o facto de nesta altura do ano os campos estarem verdinhos, verdinhos, com o arroz ainda em crescimento. É sempre um espectáculo digno de se ver. Mesmo para quem não é do Sporting... :-)


Chegado ao templo, integrado num parque relativamente grande, fui andando à procura do que me pareceu ser (e confirmou-se que era...) um bom local para tirar as fotos do famigerado pôr do sol.

 

Só no regresso, caído o pano do espectáculo que a natureza acabara de proporcionar, é que me apercebi da quantidade de gente que estava no local. Impressionante, embora não seja capaz de quantificar... Mas que era muuuuitaaaaaa gente, era.

De regresso ao hotel, eram horas de jantar. Uma refeição ligeira mas que deu para, na borda da piscina, tirar umas fotos do Ramabeach Hotel by night.

 

E assim chegou a segunda-feira, data da partida para Dili. Com quase uma hora e meia de atraso, lá partimos e preparei-me para, pelo caminho, ir tirando algumas fotos.
Primeiro foram as ilhas da Indonésia, uma delas, as Flores, "povoada" de vulcões.



Chegámos entretanto à costa norte de Timor Leste e preparei-me para tirar mais algumas fotos de locais bem meus conhecidos.

 Maubara. A casa do Vô Serra está algures lá para cima...
 
As três ribeiras de Liquiçá 

Baía de Tibar. Será que vão mesmo destruir esta paisagem para construir o novo porto de Dili?!... Não acredito que a estupidez humana chegue a esse ponto...

Um dos lagos de Tasi Tolu

A grande viagem estava completa. Só faltava o reencontro com o meu "motorista", o meu primo Leiria, e o meu pópó, o já famoso "Jaquim"!... E lá estavam ambos à minha espera. Fim da "estória"...