domingo, 25 de agosto de 2013

Os salteadores do cafeeiro perdido!

Na semana passada fui rever o Vô Serra e dar uma saltada a Maubaralisa e Lisalara.
Foi na estrada para estas que vi um cafeeiro carregado de cerejas maduras, o único nas redondezas. Chamou-me a atenção por a sua produção ser, de facto, muito elevada para o que se costuma ver na região. Por isso ficaram-se-me os olhos nele... E daí a começar a engendrar um plano para o "assaltar" e fazer chegar o produto do "assalto" a amigos meus que trabalham na Missão Agrícola portuguesa difundindo café mais produtivo foi um (pequenino...) passo. ;)
 


Assim, a meio da semana tinha os "planos da pólvora" estabelecidos: voltaria ao local do "crime" mas devidamente equipado pois o cafeeiro tinha cerejas por estar numa encosta muito inclinada e de difícil acesso. Não seria difícil descer mas seria complicado subir... Rsss

Moral da história: telefonei ao meu maigo Chefe Miguel, dos Bombeiros, e pedi-lhe uma corda emprestada... E além da corda ainda trouxe um serrote e uma tesoura de poda. Todo equipado, estava pronto para a façanha.

E ontem, sábado, lá fomos, novamente a "dupla maravilha": eu e o meu primo Leiria.

Saimos de Dili cerca das 8h da matina e 1h30m minutos depois estavamos a chegar a casa do Vô para pedir a ajuda de um dos filhos do seu vizinho Tomás. Veio connosco o mais velho, o Paulo, e assim partimos para a operação final.
Antes, porém, o Vô quis dar-nos a provar mais um dos seus maravilhosos ananazes e pediu a um dos moços que fosse buscar uns ramos de café que ele tinha também com muitas cerejas e uns ramos do que ele diziar ser "café lobélia" ("que raio de café será este", pensei eu...)
Passado um bocado chegou um moço não com uns ramos de café mas sim com... um cafeeiro inteiro! Chegou ao pé dele e zás! Arrancou-o pela raiz com a catana... Fiquei de olhos esbugalhados quando o vi chegar com a planta com uns 2,5 metros de altura!
"Credo! Não quero isso tudo!", exclamei eu! E lá cortei 4 ramos da planta.
 

Depois apareceu o dito "café lobélia".
Nunca tinha visto cerejas tão grandes! Provavelmente do dobro ou triplo do tamanho das cerejas normais.
Comecei a matutar e lembrei-me que o nome correcto não é "lobélia" mas sim... "liberica". Trata-se de uma espécie com origem na Libéria mas que aparece em quantidades apreciáveis também na ilha indonésia de Java e, em maior quantidade, nas Filipinas.


 
O Vô só tem uns poucos pés deste tipo de café (desde o tempo da administração portuguesa; com cerca de 50 anos...) e por isso não o utilizam pois as quantidades produzidas são muito pequenas.
 
E lá fomos em busca do cafeeiro perdido. O pior é que andámos, andámos e não descobrimos o cafeeiro. A certa altura conluimos que já deviamos ter passado por ele sem o ver e voltámos para trás. Viemos com o "Jaquim" a passo de caracol e a certa altura parámos pois reconhecemos melhor a zona onde o dito cujo deveria estar.
Prescutámos cada cafeeiro e... nada! Como me lembrava da estrutura da planta --- uns caules direitos e outro quase deitado ---, prestei melhor atenção a esses pormenores e dei com um que correspondia ao que a minha memória visual registara. Olhei para cima e lá estavam eles: cachos e cachos de cerejas de café tal como os tinha fotografado na semana anteirior.

"Está aqui!", gritei entusiasmado! E logo se me juntaram os outros dois "assaltantes", que andavam uns metros mais atrás "batendo" o terreno à procura de uma planta carregada de frutos.

E começou a preparação do assalto final. Regressado ao "Jaquim" para ir buscar o equipamento que tinha pedido emprestado, fui para o local devidamente "armado" de corda e de máquina fotográfica para registar o momento histórico!


Foi então que o meu "ajudante" timorense, a quem me preparava para "laçar" para o poder puxar no caso de ter dificuldade em regressar à estrada, me disse: "Não preciso da corda, senhor!". E ao mesmo tempo que o ia dizendo começou a descer os cerca de 3 metros que nos separavam do pé de café.
Chegado junto dele vergou-o de modo a tornar acessíveis os ramos e zás... cortou uns quantos com a tesoura de poda ou apenas dobrando-os até os separar do tronco.



 Completado o acto, foi o momento de tirar umas fotos para a posteridade com o Leiria e o Paulo a posarem pegando no produto do assalto... :)



Restou apenas o tempo para uma última foto da zona envolvente para mais fácil localização futura e partimos de volta a casa do vô Serra para deixar o Paulo e nos despedirmos.
 

Depois foi o regresso a Dili, com o Leiria a servir de motorista nesta que, pelos tempos mais próximos (quanto tempo, Leiria?!...) terá sido a última aventura desta "tripla maravilha" (o "Jaquim" também faz parte, claro...).
Até à próxima, Ricardo! "Caté!", como você costuma dizer recordando a sua terra natal, Angola.

Missão cumprida!

PS - última cena: os ramos de café foram entregues no próprio dia "a quem de direito", seguindo-se o seu "tratamento" (retirar os grãos de café, plantar, deixar drescer em sacos de viveiro, transplantar ao fim de alguns meses para a terra, esperar que eles cresçam e produzam... Coisa para uns 4 anos, pelo menos... Rsss). O equipamento voltou ao quartel dos bombeiros...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Outras vadiagens e um regresso a "casa"...

Pois foi... Por motivos profissionais andei na "vadiagem" pela Ásia Oriental: Coreia (Seul), Tailândia (Bagkok) e a ilha indonésia de Batam, do arquipélago das ilhas Riau, as "vizinhas da frente" de Singapura.
Foi uma viagem interessante mas naturalmente sem muitos tempos livres para turismo e como este blogue é sobre Timor Leste e as minhas andanças pelas "costas" do "crocodilo", aqui ficam apenas uma foto de cada local:
 
 Render da guarda no antigo palácio do governador de Seul, na Coreia do Sul

!!!!!
Na embaixada de Portugal em Bangkok, instalada em terreno decido pelo Rei da Tailândia em 1830. Com a da França, a mais antiga no Reino de Sião...

"Portuguese egg tart"... Em centro comercial de Batam (Indonésia).
Um franchising de um empresário de... Macau! (50 cents de euro cada)

Terminada a viagem pela Ásia Oriental (voámos de Bali para Seul e depois fomos descendo, descendo...), foi o regresso a "casa", em Dili.
E o retomar das "actividades" não podia ser feito senão com uma visita ao vô Serra!
Rijo e fino, somo sempre... Com a sua t-shirt identificadora que eu mandei fazer de propósito para ele receber as visitas... ;)
 


Mas antes de chegarmos a casa dele já eu e o meu primo "materno" Ricardo Leiria tinhamos tido dois "encontros imediatos" do terceiríssimo grau.
O primeiro, na zona de Tibar, foi com as primeiros de uma dúzia de autocaravanas alemãs (com uma excepção suiça...) que, soubemos depois, andam a dar a volta ao mundo, passando daqui para a Austrália. Devem ter ido de ferry de algures na Indonésia para Kupang, a capital do Timor indonésio, e depois vieram por aí fora...
Alguns, vários, dos veículos eram verdadeiras casas ambulantes: camiões adaptados. Foi dois destes que fotografei já em Liquiçá.
 

Demos com eles porque andavamos à procura de um pequeno empreendimento turístico mesmo junto ao mar, nos arredores de Liquiçá. É o Balck Rock Resort, com restaurante.
 

Decorado de uma forma simples e com bom gosto, proporciona, sem dúvida, momentos muito agradáveis, podendo até tomar-se banho --- ainda que a praia seja 'mini' e seja de calhaus...
 


 
 
Depois de um input e um output líquidos (que fino que eu sou a dizer as coisas... Rsss), seguimos viagem até casa do vô que, como de costume nesta época, nos esperava já impaciente com um ananás às rodelas (ó maravilha das maravilhas!...), batata doce cozida e, claro, café da sua "horta".
 
Depois de durante mais de uma hora pormos a escrita em dia, partimos comigo com "ela" "fisgada": ir até um ponto da estrada que dá acesso ao monte Guguleur, depois de Maubaralisa, de onde se tem uma vista memorável sobre parte do vale da ribeira Loes e das que, naquela zona, se juntam a ela.
 
 
Feito o gosto aos olhos e às máquinas fotográficas (Click! Click! Click!) voltámos para trás, a caminho da escola de Vatuvou frente à qual se tem de optar pela estrada que segue para casa do vô Serra, em frente, ou virar para a direita, a que tomaramos uns bons minutos antes.
No caminho deu para fotografar um katuas a quem ofereci boleia mas que ele recusou (habituados a andar sempre a pé, muitos não se sentem bem dentro das karetas...):

 
 
E lá foi ele, em passo estugado, seguindo o seu caminho. E nós seguimos o nosso a caminho... de um cafeeiro!
Um cafeeiro?!... Interroga-se o leitor? "Endoidas-te de vez, Serra?!...". Qual endoidei qual carapuça! Na ida para cima ficaram-se os nossos olhos num cafeeiro, só um, que estava carregadinho de frutos. Do tipo "tudo ao molho e fé em Deus!" como nas táticas do "Estebes".
 
 
 
Porque é que ele está assim, carregadinho, e os outros perto estão vazios? Calculo que seja por ele estar numa posição em que é difícil deitar-lhe a mão... Porque se fosse fácil... Na verdade, o terreno ali é MUITO inclinado e a não ser com algum "rapel" dificilmente se chega lá. Mas que estou com olho nele, estou... Põe-te a pau!... Aquele cafeeiro dá um reprodutor de primeira qualidade... Ai se me passa um "vaipe" pela cabeça!...
Bem... é melhor pensar noutras coisas... Por exemplo no jantar... São horas! Vamos à janta, tá?!...