Chegado lá, "nickles, batatóides"... "Ikan la hia"... E sendo assim, fui em frente pois para a direita seria ir em direcção a Maubara e esse percurso já é bem conhecido.
Passei frente ao Centro de Formação Profissional que Portugal ajudou a criar ali e continuei. Sempre em frente, sem destino, sem saber quando e onde voltaria para trás... E assim fui andando. Como era cedo e não tinha pressa...
A região é (e está neste momento) extremamente verdejante e só isso dá uma paisagem deslumbrante, que em alguns momentos faz lembrar Sintra.
Quando dei por mim estava a subir, a subir e a ver a ribeira de Tibar cá em baixo e depois de uma curva da estrada deparei com uma pequena povoação (Fahite) com direito a uma Escola Primária... "Rui Nabeiro"!... E a uma campa enorme, dedicada a dois heróis locais da luta pela independência. Ora toma!
Chegado aqui, só me restava uma alternativa: ou voltava para trás ou seguia em frente... :-) Segui em frente, a caminho de Railako, por onde não passava há muito tempo. "Vamos nessa, Jaquim?!..."
E lá fomos os "dois da vida airada"... Buraco aqui, buraco ali, lá fomos andando até darmos com a estrada interrompida (sendo necessário passar por dentro da ribeira) e, mais à frente, com a ponte que marca a entrada no distrito de Ermera... E logo a seguir mais buracos, claro!
Foi logo a seguir a esta zona de buracos que dei com "ela"... :-) Uma timorense vestida de forma tradicional do dia a dia das populações rurais. Apanhou-me com a máquina fotográfica na mão e "fechou a cara" de uma maneira que não deixava dúvidas que não queria ser fotografada. Teimoso, não resisti... Ía lá eu perder um "boneco" destes!... Sorry!...
E continuei em direcção a Railako. A vila está como eu a recordava, semi-parada no tempo mas com algumas construções que chamam a atenção, como a igreja, a escola secundária e o mercado municipal.
Estava na hora do "meia volta! Volver!..."
Inverti o sentido da marcha e voltei recambiado pelo mesmo caminho...
Junto à ribeira que tinha passado "a vau" e parei para mostrar o local e a queda de água que ali se forma ao "Jaquim" e dizer-lhe ao ouvido: "tás a ver Jaquim! Passaste para cá e agora tens de passar para lá. Tá bem, miga?!..." (ele adora que o trate assim, por "miga", à moda de Setúbal...).
E lá fomos nós. Claro que tinha de aparecer um grupo de miúdos, com um fazendo as suas macacadas...
Mais adiante, numa curva da estrada, dei com uma cachoeira que me chamou a atenção mas só depois de ter saído do carro para a fotografar é que me apercebi que havia pessoas --- mãe e filha!... --- lavando roupa aproveitando a água abundante e cristalina.
Mais umas fotos e lá vou eu a caminho da ponte de saída do distrito de Ermera. Quando passei no local lembrei-me da timorense que tinha visto na ida para Railako e prescrutei a zona para ver se a via. Nada. Só que, de repente, apercebi-me que estava um pequeno grupo de pessoas sentado na borda da estrada. Travei, fiz marcha atrás e... Lá estava ela mais uma amiga e umas crianças que percebi depois serem netas das duas.
Entretinham-se na conversa e mascando areca, fazendo as necessárias misturas, incluindo a cal.
Decidido a não sair dali sem uma "chapa" como deve ser, apeei-me do carro e meti conversa. Para me insinuar junto das avós há lá melhor coisa que tirar fotos das netas e mostrar-lhas?... Pois foi o que fiz... Rsssss!...
Remédio santo: passado um bocado já a cara "fechada" de uma hora antes se estava a abrir em sorrisos mas quando via a máquina apontada a ela o caso mudava de figura... :-) Fechava a boca, com vergonha de mostrar os dentes pretos e a masca que tinha na boca.
Mas lá consegui ir tirando uma foto aqui, outra acoli... com um sorriso aqui, outro acolá. Mas nunca consegui o sorriso franco, aberto, que queria... Paciência!... Precisava de uma ajudante que lhe fizesse cócegas enquanto eu tirava o "boneco"... Rssssss!
O resto do caminho não teve grande história. A não ser o facto de, já em Dili, me ter lembrado de ir ver se uma das minhas "musas" (Tchiiiii" Qu'exagero!...) estava em casa, mesmo junto da "praia do cemitério". E não é que estava mesmo? Lá ficou registado para a posteridade mais um sorriso da Laura, quase o mesmo que eu vi pela primeira vez há uns 7 anos atrás espreitando para mim pelo espelho retrovisor do carro.
Sinal dos tempos: ela, que não dizia quase nada em português, conseguiu exprimir-se com alguma desenvolvtura, dando perfeitamente para a perceber. Grão a grão...