Esclarecendo: já tinha ouvido falar na existência de uma ribeira de águas esverdeadas muito claras lá para os lados de Venilale. Convencido que a estrada estava "la kapaz" e sem certeza de que ela era o caminho para lá chegar, nunca me aventurei a ir em demanda da ribeira...
Há tempos tive a oportunidade de falar sobre o assunto com um amigo meu timorense, guia turístico em Timor Leste. Foi ele que me esclareceu dizendo que a estrada correta começava imediatamente à direita da Igreja de Venilale e que, embora ""difícil", não era "impossível"... E foi assim que na tarde de terça-feira "de Todos os Santos" me meti à estrada em busca da "ribeira" (mota, em tetum) "perdida".
A primeira parte do percurso, entre Baucau e Venilale, não tem história. Paragem curta em casa da Nafreana, em Bercoli, para cumprimentar os pais e a dita cuja ("Nafreana toba!") e passagem pelas "grutas japonesas", lá fomos a caminho de Venilale em procura do ponto de início da estrada que queríamos percorrer.
Entrada em Venilale com a antiga tranqueira à direita, seguindo-se-lhe o mercado "português e, mais adiante, a reconstruída casa do administrador do posto --- alô, Luís Pité!... --- agora posto administrativo.
Ao fundo da rua a antiga "Escola do Reino de Venilale", uma das cinco construídas depois da Segunda Guerra e a única que, graças a obras financiadas pela fábrica de relógios Swatch há crca de uma dúzia de anos, está em condições e a ser utilizada. Infelizmente a falta de pintura de conservação deixou-a num estado de degradação da pintura que lhe dá um aspecto muito feio! Uma pintura nova, precisa-se! URGENTE!
"Entaladas" entre esta escola e a Igreja de Venilale, uma "sesgada" à escola, e outra encostada à Igreja, em direção a nascente, há duas estradas. É esta estrada que tivemos de tomar para ir à procura do que localmente chamam "fonte natureza", uma ribeira que a dado passo forma quase pequenas lagoas.
Confesso que fiquei espantado com a beleza da estrada que se me deparou mas, ainda no início da época das chuvas, o terreno está ainda bastante seco. Mas deu para imaginar que lá para Abril-Maio do próximo ano, com os terrenos plantados de arroz, deve ser uma paisagem de tirar o fôlego, com arrozais um pouco por todo o lado e com pedaços de montanha (contrafortes dos Matebean?) à vista. Desde já fica prometido o regresso nessa época --- se ainda andar por cá... ;)
A certa altura do caminho dei com uma bifuração na estrada: a da esquerda subia e a da direita descia... Na dúvida pus a "caixa de pirolitos" a funcionar e deduzi que deveria tomar a da direita. Pois se ia à procura de uma ribeira, ele deveria estar lá mais para baixo... Tem esperto no escabeça...
E se bem o pensei, melhor o fiz...
A estrada está "escapatória", embora num ou noutro local francamente "mázinha", deixando adivinhar alguma dificuldade na subida de regresso...
A certa altura dei com um casal de motorizada e pedi para pararem para me certificar do caminho e confirmar que por ali havia uma "mota" (ribeira). Nitidamente feliz por falar com um malae português e poder exibir os seus conhecimentos da língua, lá me foi dizendo que aquele era, de facto, o caminho correcto para a "fonte natureza" mas que do local onde estávamos até lá ainda demoraria uma meia hora de "kareta" e mais um quarto de hora a pé.
Pressionado por ter um compromisso em Baucau, acabei por decidir voltar para trás dizendo como o MacCarthur quando deixou as Filipinas fugindo dos janponeses na Segunda Guerra Mundial: "Voltarei!...". E não é que voltou mesmo?!... Só quando procurei no Google Earth o caminho por onde tinha andado é que descobri que tinha voltado para trás apenas a cerca de 1,5km do destino (a amarelo no mapa acima) :( .
Limpinho, limpinho, como tinha pevisto na descida, tive problemas a dado passo do regresso num local em que a condição da estrada é particularmente má, cheia de areia e pedras soltas que dificultaram a vida ao "Jaquim"...
Tive de lhe dar um "cheirinho" das 4X4 para o ajudar a subir... E, claro, subiu mesmo depois de umas hesitações... "Anda lá, "Jaquim"!...". E foi-se a ela. Vitoriosamente, como é seu hábito...
O regresso a Baucau não teve mais história... A não ser que me atrasei mesmo para o compromisso e tive de o adiar para o dia seguinte. :( Mas valeu a pena. Apesar de ter resultado numa visita que era para ser mas não foi... ;)
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