terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vocês não sabem que não me devem "provocar"?!... ;)

Porque é que me disseram que havia uma estrada que, partindo de perto do aeroporto de Baucau, dava acesso à "vila velha", por alturas da Pousada de Baucau? Esperavam o quê perante tal "provação"?!... Que me "ficasse"?!... Nem pensar!...

E eis-me a "navegar" no Google Earth à procura da dita cuja... Achei!... (traço a preto na foto abaixo)

 
 Repare-se como a malta do Google Earth está bem informada e usam a designação colonial portuguesa de "Vila Salazar". Um bocadinho desactualizados mas... bem informados...
 
Prontos para a largada?!... 1 - 2 - 3... Partida!
 
 
 
Mais adiante passei por um spa para búfalos, onde eles cuidavam afanosamente da pele para não ser picada pelos mosquitos, moscas, carraças e tudo quanto os chateia na vida...
 
 
 Mais adiante (ver mapa) aparecem sucessivamente uma pequena capela (à esquerda da estrada), uma escola (São Francisco de Assis, da diocese de Baucau) e, já depois de uma curva larga, um cemitério.
 



 


 
No cemitério tinha acabado de ocorrer um funeral, pelos vistos alguém ligado à luta de libertação nacional e daí a presença das boinas vermelhas (antigos combatentes da Fretilin) e das bandeiras nacionais. Mas o cemitério tem mais uma característica "interessante": apesar do espaço disponível para se expandir, começaram a colocar campas... na estrada. O que vale é o desvio que ali existe e que é bem visível no mapa do Google Earth.
 
 
Um pouco mais adiante tive de parar para deixar passar outros "transeuntes". De quatro patas e não de 4 rodas...
 

A paisagem da região não é, de uma maneira geral, especialmente rica. Afinal estamos num planalto ele próprio pouco acidentado e com uma vegetação relativamente baixa dada a pobreza do solo.


Agricultura quase não existe e as poucas casas que se vêm estão ou dispersas ou em pequenos aglomerados, para os quais a designação de "aldeia" é um nítido pretensiosismo... Tomem lá "lugar" e já vão com sorte...

Mas de vez em quando surge um ou outro motivo de mais interesse, nomeadamente esta árvore (gondoeiro) certamente secular.

 
Só quando chega aqui (ver, na foto abaixo, o local assinalado pela "mão")...
 
 
 ... é que nos confrontamos com uma paisagem espectacular, em que se vê parte importante da costa norte da ilha,  desde Baucau até à ponta leste.


 
Nesta zona a estrada já dá mais trabalho de condução (e aos rins...), ...


... com um piso bem pior --- por vezes anda-se sobre pedra nua...


 

E assim nos vamos aproximando do destino final, a Pousada de Baucau. Antes de lá chegarmos, porém, passamos por Caibada e pelo antigo hospital português de Baucau, agora a ser recuperado. 
 

 
E assim termina "mais uma voltinha, mais uma viagem!..." (ai meus rins...)


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Revisitando Baucau (take 2)

De propósito, deixei para uma "nota" isolada uma referência ao que se está a passar com as obras no Mercado de Baucau.

Não sou um passadista colonialista mas apenas alguém que respeita o património cultural de um povo, particularmente o de Timor Leste. E desde que seja de qualidade, tanto respeito o edifício de origem portuguesa (tranqueira, etc) como respeito o de outras origens, chinesa (ex: o templo chinês de Dili) ou indonésia (ex: o templo balinês de Dili, em Taibéssi, injustamente abandonado).

Mais, devido à minha "deformação" profissional e à minha actividade profissional em Timor Leste preocupa-me a preservação de tudo o que possa beneficiar o turismo no país. E todos sabemos que a "cultura vende", nomeadamente o património construído mas não só.

É por isso que me bato tanto pelo respeito do património cultural, construído, timorense. A grande maioria dele é de origem portuguesa e eu sou português? Mero "acidente histórico", mera coincidência, que não são para aqui chamados, que não estão relacionados como causa e efeito seja qual for o sentido da relação causal.

Dito isto, apetece-me terminar aqui o "palavreado" e deixar o resto às imagens não sem antes referir que a necessária reconstrução, reabilitação, de alguns edifícios deve, creio, na medida do possível respeitar ao máximo a sua traça original. Não é isso que está acontecer com o mercado de Baucau, Bem pelo contrário... Infelizmente. Lamentavelmente. O que me deixa muito preocupado com o que pode acontecer no futuro, quando a criação dos municípios der recursos a estes para "fazerem o que lhes apetece", como neste caso, em que as obras foram feitas completamente à revelia do poder central, nomeadamente das entidades com responsabilidades na área da cultura. Que devem estar tão horrorizadas como eu mas que têm as mãos atadas para intervir...

O assunto já chegou a ser debatido no Parlamento Nacional mas duvido da capacidade de algu~em mudar o rumo do que está feito. Mal feito...

Vamos às fotos, começando com uma do dia da inauguração tirada pelo próprio autor do projecto, o Ten. Correia, na época administrador de Baucau.


Seguem-se algumas com poucos anos, retratando o estado em que o Mercado estava antes da intervenção.




E finalmente, algumas fotos do estado actual, quando se avizinha o fim das obras e até já foi inaugurado com (pouca) pompa e circunstância.




E para fechar com chave de ouro...




Estou "speechless"... Comentários para quê?

PS - apenas para os mais distraídos: sob o ponto de vista estrutural, taparam-se com cimentos dois vãos que tinham janelas de cada lado do edifício, alterara-se os topos das janelas (de semi-círculos passaram a ser quase triângulos sem que se veja a vantagem disso) e o escudo português "baixou" de cinco para quatro quinas. No interior também houve algumas modificações. A grande "revolução" está na decoração/pintura: de um edifício branco passou-se a um policromático com desenhos e cores que eu diria, porque sou homem educado, de gosto duvidoso... Rsss

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Revisitando Baucau --- mais uma vez...

Tivemos a oportunidade de, há dias, revisitarmos Baucau, região de que muito gostamos e cidade de onde se podem fazer umas "excursões" interessantes, umas para o interior e para sul, em direcção  a Venilale e Ossu, e outras noutras direcções, como Laga, no caminho da ponta leste, e Baguia, quase na costa sul.

Desta vez deu-nos na "tineta" tentar repetir uma foto que tínhamos visto na net sobre a Pousada de Baucau há alguns anos atrás. Tudo indica que terá sido tirada (provavelmente) da torre da sé de Baucau.


Com um enquadramento espectacular, a foto é de autor que desconheço (sorry!...) e de data que também não sei mas que presumo ser do início do milénio, pouco tempo depois de ter sido restaurada, em 2002.

Andei  a bisbilhotar a zona mas cheguei à conclusão de que não valia a pena fazer "rappel" e trepar à torre sineira ( :) ) pois as árvores que entretanto se foram desenvolvendo na zona e na própria Pousada tornaram a foto acima "irrepetível". O melhor que consegui foi isto, tirada do início da pequena ladeira que dá acesso à dita cuja...:

 
 
Depois decidi explorar a zona e enfiei-me pela estrada que começa imediatamente à esquerda da Pousada e que já tinha explorado anteriormente para ir ver o nascer do sol.
Passa-se pelo antigo hospital de Baucau, em fase final de recuperação, e continua-se em frente.
 
"Mapa" do Google Earth mostrando a Pousada de Baucau (no cando inferior direito, onde está uma cama),
o antigo hospital português de Baucau (onde está a "mãozinha"; vejam-se as coordenadas no fundo da foto)
e parte do percurso percorrido.
 
 
 
A certa altura cruza-se uma outra estrada de terra batida que viemos depois a perceber que nos levaria à estrada principal para Baucau, junto ao topo norte da pista do aeroporto. É exploração a fazer na próxima visita... ;)
 
No cruzamento virámos à direita e prosseguimos em direcção à costa até chegarmos ao ponto de onde se vê parte importante da costa norte de Timor Leste dali até quase à ponta leste.
 



Chegado a um ponto onde não dá para prosseguir de "kareta", voltei para trás e chegado  à Pousada tomei a estrada para Laga e ponta leste e depois a estrada que segue para a praia de Baucau, a praia de Wataboo (ou "dos pescadores" para a maioria dos "malais"...).

A praia de Wataboo é a mais à direita na imagem do Google Earth
 
 

Aí demos com um pescador/carpinteiro fazia um beiro de apreciáveis dimensões.

 
 
Mas o meu objectivo principal era chegar à praia seguinte (a meio da imagem do Google Earth mais acima) e que é a minha preferida em Timor Leste. Ou era, antes de constatar o verdadeiro "assassinato" da paisagem da praia que estão a cometer ao cortarem uma série de árvores --- presumidamente por estariam a estorvar o alargamento da estrada em alguns centímetros...
 




Um autêntico crime! Fruto da ignorância e de se entregarem obras a ignorantes sem nenhuma orientação com preocupações ecológicas, ambientais e de proteger o que a mãe natureza deu para turista ver... Tontinhos! Não tenham cuidado com a "desconcentração" administrativa em preparação e vão ver cenas destas multiplicadas por todo o lado... "A ignorância e arrogância ao poder!..."

Ao chegar junto da construção portuguesa que ali está reparámos que a estrada que na última visita estava ainda encerrada ao transito estava agora aberta e, claro, decidi "xeretar" os locais aonde ela leva.
E foi assim que dei com uma real enorme (na imagem do Google o mais à esquerda) e de uma paisagem paradisíaca. Ao que me dizem trata-se de uma praia frequentada por tartarugas na época da sua desova.





Depois de visto este bocado do paraíso e porque a estrada junto à praia termina ali resolvi virar para trás e regressar a Baucau e à Pousada, sítio ideal de apoio para estas sortidas bem como para outras semelhantes na região.



Hoje fiquemos por aqui. Mas há mais para contar... "Calma, gentji!"