domingo, 19 de junho de 2016

Viajar com quem mude as rodas em caso de necessidade é um descanso! (Dili-Gleno-Ermera-Aileu-Dili)

É verdade! O meu "terror" ao andar (quase) sempre sózinho por esse Timor Leste fora é ter um furo e ter de mudar a roda... :( .... Katuas é assim mesmo.

Por isso ontem, 18JUN16, resolvi levar pendura para ajudar em caso de necessidade. Com uma vantagem suplementar: como o pendura era timorense e não conhece quase nada do seu país, fui servindo de guia turístico, função que adoro... Não que o dito "pendura" seja muito conversador pois é dos tais que fala apenas o conhecido "português monossilábico"... ;) . Gosta, principalmente, do "verbo" "'pai' compra para 'filha'!..."
Mas "prontes"! Foi o que se arranjou! Mas felizmente não foi preciso mudar nenhuma roda. O que lhe deu mais trabalho foi "despachar" uma dose de frango de caril na D. Silvina, em Aileu... Kkkkk

Nafriana, ajudante de motorista...

Mas vamos ao percurso, sem história e com poucas ou nenhumas "estórias"...

Saídos de Dili cerca das 9h da manhã, regressámos pelas 17h. De Dili fomos ao "entroncamento" de Tibar e em vez de rumarmos a poente, como meu costume para ir visitar o Vô Serra, continuámos em frente, para Sul, rumo a Railako e depois Gleno.
A estrada está "supimpa", depois de ter sido arranjada. Parece um tapete vermelho (mas preto...) estendido à nossa frente para passarmos os três: eu, a minha ajudante de motorista "mailo" meu "Jaquim"!... Maravilha...

Primeira paragem para fotografar as rochas "coloridas" antes de Gleno e segunda paragem para apresentar a "pendura" ao seu "avô": o Tatamailau!


Felizmente e pelo facto de ser muito cedo ainda, estava "limpinho, limpinho!..." no seu esplendor dominando a paisagem por cima de Gleno e das ribeiras que se juntam à "mota Loes".

Depois foi descer até Gleno e atravessá-la em passo estugado porque o meu destino final naquela região era... Ermera.
Gleno tem pouco que ver, a não ser o seu mercado e, desde há poucos anos, a Igreja de Nª Srª das Graças (porquê o plural?), uma construção que se insere na política do Governo de construir igrejas mais ou menos mastodonticas um pouco por todo o lado: Gleno, Suai, Ossu, Vikeke, etc.


E lá fomos nós a caminho de Ermera. Já há vários anos que não fazia este percurso e constatei, para mal dos meus rins e de alguns gritinhos da "pendura", que a estrada está, naturalmente, cada vez pior!... :(

Valeu, no percurso, sensivelmente a meio dos cerca de 14 kms que separam Ermera de Gleno, termos dado com uma cascata lindíssima, do tipo "véu de noiva".



Já antevendo o resultado, não resisti a pedir à minha "ajudante de motorista" que apanhasse uma flor silvestre e a colocasse presa na orelha. Não me enganei em relação ao resultado final: parecia uma tahitiana no seu país natal... ;)

E lá fomos nós aos trancos e mancos tantos são os buracos naquilo a que, por pura gozação certamente, chamam pomposamente "estrada"!





Chegados a Ermera fomos ver o que de melhor há para ver na localidade, "esquecida" no tempo apesar de dar o nome ao distrito (de que já foi a capital) que é o principal produtor da única exportação significativa de Timor Leste: o café.
Foi assim que vimos a igreja com o seu famoso painel sobre Nª Srª de Fátima, a antiga casa do administrador português, na outra ponta --- e assim decorria então a vida: entre o "Estado" e a Igreja... --- da quase única rua da povoação. Ao seu lado, num plano mais baixo, está o antigo edifício da Administração local (ainda hoje sede da dita cuja...), igual a tantos outros espalhados pelo país.


Coordenadas geográficas colhidas junto à igreja 
(com o meu primo Reicardo Leiria a 'espreitar' porque 
tinha acabado de me enviar uma mensagem desde Oecusse)



E era tempo de voltarmos para trás. Tinhamos levado cerca de 2h até Ermera.

Feito o percurso contrário até Gleno, depois de uma paragem "técnica" para a Nafriana tentar comprar batatas no mercado --- debalde!... ---, continuámos até ao entroncamento com a estrada que liga Gleno às proximidades de Aileu, com passagem por uma das zonas do país de que mais gosto: o vale de Seloikraik, por mim tantas vezes visitado.

O início da estrada, estreita, parece também um tapete mas é só para enganar os viajantes... O conforto desaparece ao fim de uns 5 kms, ficando os outros 2/3 da distância entregues aos buracos e mais buracos... O que vale é que eu e o "Jaquim" adoramos uma boa esfrega das costas... kkkkkk.

Café a secar na estrada

 Numa curva da estrada deu para recolher esta imagem de uma das várias chamadas "aldeias MDG" (Millenium Development Goals) construidas no país. Sou um forte crítico destas aldeias quer pelo seu modelo urbanístico (todos ao molho e fé em Deus!) quer pelo material da construção (pré-fabricadas) e deficiente qualidade geral. Mas como a cavalo dado não se olha o dente... (dado às pessoas, mas não ao país, que gastou uma pipa de massa...).
Na foto, ao fundo, pode ver-se o "bairro dos polícias", de melhor qualidade de construção ("pedra e cal") e todo murado... Não vá o Diabo tece-las?...





E chegamos a Seloikraik!... Ele aí está, em todo o seu esplendor do verde dos arrozais e dominado pelo Tatamailau lá ao fundo.


Vaidosa até dizer "chega!...", a Nafriana quis tirar "n" fotos pelo caminho, ficando aqui esta para mostrar a sua passagem por um dos recantos mais bonitos do seu país.




A passagem por Seloikraik findou com a "foto da praxe": uma foto igual a dezenas de outras que tenho tirado ao longo dos anos com o mesmo enquadramento (a mesma árvore como marco) para mostrar a evolução das estações no local.


Próxima paragem: o inevitável frango de caril no restaurante mais conhecido de Aileu, o da D. Silvina.
A "ajudante de motorista" estava cansada de tanto esforço e apesar de dizer que não tinha fome...


Terminado o repasto, era tempo para lhe mostrar e explicar o significado do monumento aos "massacrados de Aileu", do edifício da Administração local no tempo colonial português e... de meter algum gasóleo para completar a volta sem sobressaltos.



"Anguna" da carreira Dili-Maubisse no mercado de Aileu

Coordenadas no mercado de Aileu



Meia-volta, volver a caminho de Dili. Quando chegámos, cerca de 8h depois de partirmos e com umas centenas de buracos na estrada a mais no nosso curriculo, tinhamos percorrido cerca de 150 kms.