sábado, 5 de março de 2011

Já descobri "onde o diabo perdeu as botas"!... :-)

Um colega meu teve o desgosto de ver o pai falecer esta semana depois de um período de doença prolongada. Como é da tradição, organizou-se um grupo de colegas para ir ao velório. Perguntaram-me se queria ir e primeiro declinei mas o convite ficou-me a remor na cabeça.
Resultado: às 3 da manhã acordei e decidi ir com os colegas. A hora da partida estava marcada para as 6h e o destino era Baguia, lá para os lados de Baucau. Erradamente, porém, confundi a localização e convenci-me que era uma povoação pouco depois de Laga.
Esta fica a alguns quilómetros de Baucau, depois da planície de Seissal, cheia de arrozais, de onde no ano passado tirara umas fotos espectaculares dos montes sagrados de Timor Leste, os dois "Matebian" ("homem", um pouco mais alto, e "mulher", a nascente do primeiro mas quase colado a ele).




Chegados a Laga, onde se rencontraram os dois carros que tinham saído de Dili, parámos um pouco para mexer as pernas... e tirar mais uma foto: um barbeiro de ocasião "tratando" do seu "cliente" :-).


Retomada a viagem e quando eu julgava que estavamos quase a chegar depois de mais de 3 horas de caminho, "enfiámos" por uma estrada "manhosa" que desvia para a direita em vez de seguirmos em frente, na estrada principal que segue para nascente, a caminho de Lospalos e Tutuala.

Ainda mal refeito do "susto", começo a ver o tempo e a paisagem a passarem e... nada de Baguia! Só então percebi que a coisa estava para durar... E se durou!... Foram quase mais outras 3 horas para lá chegar...
Pelo caminho fui admirando a paisagem e reconhecendo parte dela por ser semelhante à que tinha visto no ano passado, quando fui à costa sul, à praia de Adarai, meter os "presuntos" no "Taci Mane" (mar homem, por ser mais agitado que o da costa norte, o "taci feto", "mar mulher"). Apercebi-me então que estava a contornar o "Matebian feto" por nascente, apanhando os seus contrafortes à minha direita.


Chamou-me também a atenção a arquitectura típica da região, com casas com tectos muito inclinados, denunciando zona chuvosa porque de montanha, e com "pernas", para melhor defesa contra os ratos e outra bicharada. Para complementar a "estratégia de defesa" nas "pernas" são colocadas "bolachas" de dimensão apreciável para dificultar o acesso dos ratos.


Exactamente por ser uma zona com abundância de água, os camponeses construiram sucalcos onde plantam arroz. Por sorte estamos em plena época da sementeira e aqui e ali viam-se grupos de homens a mulheres plantando arroz. O grupo que está na foto abaixo foi visto também no regresso.


Depois de alguma dezenas de quilómetros de saltos no jeep devido à qualidade da estrada (quase sempre de terra batida ou de "once upon a time havia alcatrão...", chegámos a Baguia não sem antes passarmos mais uma vez por terrenos de cultivo de arroz, alguns deles trabalhados com a ajuda de búfalos, e por dentro de uma ou outra ribeira.




Em Baguia encontrámos um conhecido de um dos nossos colegas que, para nosso "desespero" nos disse que ele morava bem mais adiante... E lá nos fizemos de novo à estrada para fazer o percurso que faltava... Que nos levou quase mais uma hora a galgar... Ao fim de cerca de 7 horas de viagem tínhamos chegado, autenticamente, "onde o diabo perdeu as botas"...

(continua no próximo episódio...)

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