sábado, 23 de junho de 2012

Manhã "histórica"

Ele há com cada uma!... Como foi possível ter passado tanto tempo sem me ter apercebido que havia uma exposição sobre os anos "negros" de Timor Leste aqui mesmo, em Dili, "debaixo das minhas barbas"?!...
É verdade! Só há poucos dias é que, em conversa com as minhas primas timorenses que residem em Melbourne, na Austrália, e que estão de passagem por Dili é que soube da existência de uma exposição na que foi, durante a administração portuguesa, a prisão da comarca de Balide, aqui em Dili.

Aspecto da prisão de Balide depois de abandonada
pela Polícia Militar indonésia em 1999

Nas suas instalações funcionou a Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação de Timor Leste que aí deixou uma exposição interessantíssima sobre a repressão política durante a administração indonésia, numa justa homenagem aos prisioneiros políticos timorenses que passaram por aquelas e outras instalações usadas, em vários locais do país, para reprimir os que continuavam a lutar pela independência do país.




Nela se apresentam vários dos locais usados pelas forças indonésias para prenderem e torturarem os timorenses. Por alguns deles passamos --- os "malaes"... --- quase todos os dias sem sonharmos com o lado "negro" da história desses edifícios. É o caso, por exemplo, do actual Hotel Plaza, do edifício Sang Tai Ho, da pousada de Baucau (ex-Hotel Flamboyant para os indonésios) e muitos outros. Do Sang Tai Ho sabia a história pois a minha prima, na época casada com um dos líderes da FRETILIN (que veio a morrer na guerra), aí esteve detida vários meses até que conseguiu sair e fugir para Portugal (e daí para Moçambique).

Nas paredes podem ver-se várias pinturas do grupo Arte Moris representanto vários dos principais direitos humanos.




Mas o "prato forte" são painéis com a lista das instalações usadas para reter os presos políticos, as listas de pessoas presas (com, em alguns dos casos, a indicação da causa da sua prisão) e referências às condições de vida dos presos e às torturas infligidas.



 


Completada a visita à prisão de Balide, aproveitei o facto de ter ainda algum tempo disponível para ir ver o "Museu da Resistência", bem perto da antiga escola "Canto Resende" e do Liceu Francisco Machado, hoje qualquer deles integrado na Universidade Nacional Timor Lorosa'e, a universidade pública timorense.

Infelizmente não é permitido tirar fotografias no interior do museu e por isso fica aqui apenas a placa exterior e o link para o mesmo para poderem saber e ver mais sobre/do mesmo.

Um conselho final: se não sabem muito bem o que fazer no vosso tempo disponível, aproveitem e façam uma "manhã/tarde 'histórica'" sem gastar muito "solar" (gasóleo...) ou "benzin (gasolina).

1 comentário:

  1. solicito autorização para reproduzir a imagem supra da prisão de balide abandonada nos anos 90 para um livro da autoria de dom ximenes belo que estamos a compilar, sem fins comerciais. chrys chrystello chrys@lusofonias.net

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