domingo, 23 de fevereiro de 2014

Revisitando Baucau (take 2)

De propósito, deixei para uma "nota" isolada uma referência ao que se está a passar com as obras no Mercado de Baucau.

Não sou um passadista colonialista mas apenas alguém que respeita o património cultural de um povo, particularmente o de Timor Leste. E desde que seja de qualidade, tanto respeito o edifício de origem portuguesa (tranqueira, etc) como respeito o de outras origens, chinesa (ex: o templo chinês de Dili) ou indonésia (ex: o templo balinês de Dili, em Taibéssi, injustamente abandonado).

Mais, devido à minha "deformação" profissional e à minha actividade profissional em Timor Leste preocupa-me a preservação de tudo o que possa beneficiar o turismo no país. E todos sabemos que a "cultura vende", nomeadamente o património construído mas não só.

É por isso que me bato tanto pelo respeito do património cultural, construído, timorense. A grande maioria dele é de origem portuguesa e eu sou português? Mero "acidente histórico", mera coincidência, que não são para aqui chamados, que não estão relacionados como causa e efeito seja qual for o sentido da relação causal.

Dito isto, apetece-me terminar aqui o "palavreado" e deixar o resto às imagens não sem antes referir que a necessária reconstrução, reabilitação, de alguns edifícios deve, creio, na medida do possível respeitar ao máximo a sua traça original. Não é isso que está acontecer com o mercado de Baucau, Bem pelo contrário... Infelizmente. Lamentavelmente. O que me deixa muito preocupado com o que pode acontecer no futuro, quando a criação dos municípios der recursos a estes para "fazerem o que lhes apetece", como neste caso, em que as obras foram feitas completamente à revelia do poder central, nomeadamente das entidades com responsabilidades na área da cultura. Que devem estar tão horrorizadas como eu mas que têm as mãos atadas para intervir...

O assunto já chegou a ser debatido no Parlamento Nacional mas duvido da capacidade de algu~em mudar o rumo do que está feito. Mal feito...

Vamos às fotos, começando com uma do dia da inauguração tirada pelo próprio autor do projecto, o Ten. Correia, na época administrador de Baucau.


Seguem-se algumas com poucos anos, retratando o estado em que o Mercado estava antes da intervenção.




E finalmente, algumas fotos do estado actual, quando se avizinha o fim das obras e até já foi inaugurado com (pouca) pompa e circunstância.




E para fechar com chave de ouro...




Estou "speechless"... Comentários para quê?

PS - apenas para os mais distraídos: sob o ponto de vista estrutural, taparam-se com cimentos dois vãos que tinham janelas de cada lado do edifício, alterara-se os topos das janelas (de semi-círculos passaram a ser quase triângulos sem que se veja a vantagem disso) e o escudo português "baixou" de cinco para quatro quinas. No interior também houve algumas modificações. A grande "revolução" está na decoração/pintura: de um edifício branco passou-se a um policromático com desenhos e cores que eu diria, porque sou homem educado, de gosto duvidoso... Rsss

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