Uma das obras que desde sempre chamou a nossa atenção foi a de reconstrução do Palácio de Lahane por ter estado a cargo de uma entidade portuguesa: a UCCLA-União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (leia-se: capitais dos países de língua portuguesa). Na prática, porém, foi a Câmara Municipal de Lisboa que iniciou o processo de reconstrução e o acompanhou até quase ao seu final. O sucesso desta na reconstrução do "Liceu Dr. Francisco Machado" prometia...
Não é minha função "meter o nariz" no processo de cooperação entre a UCCLA-CML e o Governo de Timor Leste e na forma "desconseguida" como ele terminou mas apenas recordar aqui, "visualmente", a evolução do palácio --- o "dito cujo" em si mesmo e não os seus anexos --- até ter a forma que hoje pode ser vista.
Permita-se-me, no entanto, que "pirateie" algumas fotos disponíveis na internet e relativas às origens do palácio e sua vida posterior até ao fim da administração portuguesa. Sei que há leitores nossos que sabem muito mais do assunto e relembro, por exemplo, uma 'entrada' deixada por Henrique Correia no TimorLorosaeNação ainda há bem pouco tempo (19 de Março). Aconselhamos o leitor a ir ler este texto.
Como se pode deduzir da foto abaixo o edifício começou (?) por ter apenas 2 torreões (com telhados piramidais) que delimitavam aquela que na ocasião era a fachada principal, virada a nascente.


Durante a administração indonésia terão sido introduzidas algumas, ligeiras, alterações, nomeadamente quanto aos anexos junto à parte de trás do edifício.
Testemunha ocular confirma que este terá sido o último edifício público de especial significado --- embora o Governador indonésio não residisse lá mas sim no edifício que é actualmente a embaixada dos Estados Unidos, na Avenida de Portugal (vulgo "dos coqueiros" ou "das embaixadas") --- a ser destruído pelas tropas indonésias em Outubro de 1999, imediatamente antes de se dirigirem para o porto a fim de embarcarem para a Indonésia. Foi só passarem o portão e... zás! Rebentaram com o edifício que teria sido, aparentemente, armadilhado para o efeito.
A foto abaixo ilustra o estado em que estava o palácio pouco depois de iniciadas as obras da responsabilidade da UCCLA. Note-se que as paredes interiores já tinham sido derrubadas com a excepção de uma, sensivelmente a meio do corpo do edifício, que acabou por ser também eliminada.

É provável que a (apesar de tudo) relativamente reduzida dimensão do edifício tenha levado à alteração dos planos iniciais, desaconselhando o seu aproveitamento como habitação. Sabe-se que chegou a existir um plano, elaborado pelo GERTIL --- um gabinete de arquitectura da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa que funcionou durante alguns anos em Dili ---, para a reconstrução do edifício como habitação mas foi posto de parte em favor do plano elaborado pela própria UCCLA.
Este último previu a construção, na parte de trás do edifício e aproveitando o declive ali existente, da que será a verdadeira habitação oficial do Presidente da República.
A foto abaixo ilustra a opção tomada. O edifício foi completamente "esventrado" por dentro e construidas pequenas salas de apoio junto da entrada principal. Na foto ainda não se vê o quarto torreão, erigido posteriormente.
No lado direito do edifício seriam construidas instalações de apoio ao "trabalho de casa" oficial do Presidente --- as instalações principais de trabalho da Presidência da República foram oferecidas pela RPChina e estão em conclusão nos terrenos do heliporto, o antigo aeroporto durante a administração portuguesa.



Enfim, terminemos com o "antes" e o "depois":

