domingo, 17 de julho de 2011

Uma curtinha quase só para matar saudades...

Domingo, cerca das 8h da matina: toca a sair de casa e pegar no pópó para ir dar uma "curva ao bilhar grande"... Esta cidade, nomeadamente para quem já está aqui há vários meses, torna-se asfixiante aos fins de semana --- a não ser que haja "trabalho de casa" para fazer.
Uns preferem apanhar o avião e arejar os dólares em Bali; outros, como eu, "pelam-se" para meter o pé na estrada --- que é como quem diz, sentar no volante e trepar as montanhas do país.
Assim sendo mas porque não tinha muito tempo disponível, resolvi meter-me pela estrada para Aileu e dar 180º ao volante quando me apetecesse.

Mas o homem põe e a bateria do carro dispõe! 100mts à frente do aparthotel onde estou alojado, não longe do Hotel Timor, a danadinha fez-me a partida! Aproveitando-se de uma pequena paragem por causa de um sinal vermelho, fechou os olhos e "morreu"!...
"E agora?!... Tou feito!...". Oque vale é que ainda consegui que num último soluço saísse do meio do entroncamento em que me encontrava, só tendo tipo tempo de quase me "atirar" o mais possível para cima do passeio.
E o cheiro?!... Fui parar quase em cima de um depósito de lixo que tresandava... De vez em quando retiram o lixo mas lavar o dito cujo, nem pensar!... Estou desconfiado que nem moscas havia... Deviam ter morrido todas com o cheirete!... Brrrr!...

Nestas coisas salva-me sempre o meu "canivete inglês": o meu primo Ricardo Leiria! Telefonei-lhe a pedir socorro, claro. Estremunhado --- parece que ainda oiço o pensamento dele na altura: "quem será o desgraçado que me acorda a estas horas num domingo de manhã?!..."  ---, ouviu-me a minha lamúria sobre a minha "desgraça" e saltou da cama. Ai dele que não o fizesse!... :-) Afinal promovi-o a "canivete suiço" para quê?!... :-)
Passado uns 20 mins apareceu ao pé de mim. "Tem cabo para ligar as baterias?" Qual quê! Não tem nada!... La hia!
Passou um amigo que perguntado sobre o cabo deu a mesma resposta... "Não tem". Uns timorenses que estavam ali por perto tratando do seu carro, idem, idem, aspas, aspas...
Não nos restou outra solução que não fosse metermo-nos no carro dele e tentar encontrar uma loja que estivesse aberta àquela hora (cerca das 8h30m) e tivesse cabos à vemda.
E não é que encontrámos?!... 45 "paus"!... Toma! "Quer um saco, senhor?!..". "Não, obrigado", e lá ficou o chinês indonésio todo satisfeito com o primeiro dinheirinho do dia... Só faltou roçar as notas pelas prateleiras para dar sorte... :-)

De volta ao carro e feita a devida ligação... trrrr! trrr!.... Bruuummmmmm! Já está!... Agradecimentos feitos, "ah pernas para que vos quero!..." o que, traduzindo para linguagem de carro, significa "ah rodas para que vos quero!...".
E lá fui a caminho da montanha. A montanha! O verde! Maravilha! Ar puro!...

A certa altura parei para ver Dili a meus pés...


Aproveitei o espaço disponível na estrada, ali um pouco mais larga, e inverti a marcha, tomando o caminho de volta à cidade.
Como para baixo todos os santos ajudam, fui parando aqui e ali para tirar uma ou outra foto mas a primeira paragem foi para comprar plantas para o jardim do aparthotel.
Depois foi mais uma pequena paragem para fotografar as obras de fortalecimento da encosta antes da reconstrução da estrada.


Esta estrada para Aileu é um dos itinerários principais que precisa de grandes reparações em alguns pontos do percurso.


Parece que as obras começarão no próximo ano, usando um financiamento do Banco Asiático de Desenvolvimento. Para mim é essencial o envolvimento destas entidades internacionais pois creio que, com ele, é mais fácil garantir que a obra feita seja de qualidade e não para durar duas ou três épocas de chuva e depois "pingar" mais "algum" para arranjar tudo de novo...

E finalmente cheguei ao ponto que mais procurava: o local da estrada em que, do alto, se tem uma melhor perspectiva sobre o Palácio de Lahane, agora totalmente recuperado depois de os indonésios lhe deitarem fogo, no que terá sido a sua última acção em Dili no próprio dia da partida, em fins Outubro de 1999. Para a "petite histoire" fica o facto de o momento ter sido presenciado por um oficial da Marinha Portuguesa, "doublé" de diplomata, que tinha sido cá colocado, "meio à surrelfa", para que um representante oficial de Portugal estivesse em Timor no momento da partida dos indonésios. (Um abraço, MC! Valeu!)


Continuando a descida passei em frente do Palácio e vi que o portão estava entreaberto. Aproveitei e escapuli-me lá para dentro o suficiente para tirar uma foto ao nível térreo.


Depois foi o regresso a "casa" sem mais complicações e sem mais fotos...
"Passar bem...", como dizem os nossos primos brasileiros... Pelo menos os das telenovelas "de época" :-).

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