sexta-feira, 16 de junho de 2017

Regressando às lagoas de Venilale... mais uma vez

A estrada de acesso às lagoas perto de Venilale é uma das zonas minhas preferidas em Timor Leste. Não pela estrada em si, que é "levada do diabo!", mas pelas paisagens da região na época dos arrozais. Os rins queixam-se mas os olhos agradecem...
Por isso e por saber que a estrada contornava a montanha e ia dar a Venilale, resolvi, desta vez, fazer o circuito completo: entrar na estrada antes das "grutas japonesas" e ir ter à igreja de Venilale e à Escola do Reino local.

Dada a beleza da paisagem opto por "falar" pouco, preferindo as imagens às palavras para "descrever" o percurso.

Ainda na estrada principal Baucau-Venilale começamos por ver (à esquerda) um pequeno aglomerado de casas "lulik" (sagradas) com o seu formato típico.


Mais adiante começam a aparecer os primeiros arrozais, perto da casa dos pais da Nafreana, a minha "filha" timorense, em Berkoli. Foi ali que a encontrei pela primeira vez há cerca de 12 anos quando parei para fotografar os espetaculares arrozais, "verdissíssimos" nesta altura do ano!



Até que entramos na estrada das lagoas. Esta está a ser beneficiada mas neste momento está ainda muito mázinha, tadinha!... :)


As paisagens, no entanto, são uma maravilha! Certo?!...








E assim, sempre a descer e aos solavancos, se chega a um ponto de referência: uma escola e, mais à frente, uma ribeira. Esta tinha sido o limite das minhas viagens anteriores por não me ter apercebido de que havia uma passagem cimentada dentro da ribeira para permitir a passagem das "karetas"...



Atravessei a ribeira "a nado" e deixei o "Jaquim" refrescar os "calcantes"!...


Depois foi seguir sempre em frente mas a principal beleza da estrada termina aqui, com o fim dos arrozais. Daqui para diante a paisagem tem poucos pontos de interesse e a estrada piora um pouco... :(



Até que se chega a um "tanque" de água alimentado por um pequeno riacho. Água limpíssima que se adivinha "fresca"... Um amigo meu aproveitou para se refrescar e confirma que é fria mas sabe bem para limpar a poeira da estrada... ;)
É não muitolonge daqui que se pode aceder à "fonte (ou ponte?) natureza", cujas águas turmalinas atraem turistas mas cujo acesso é difícil (mais de meia hora a pé por caminho não aconselhável a um "katuas" como eu...)


A partir daqui a reportagem fotográfica quase acabou pois começou a chover e entrámos autenticamente "nas nuvens", com um nevoeiro que limitou a visibilidade e me pregou um ou outro susto porque tive quase de andar a "cheirar" onde estava a estrada... Só já à entrada de Venilale voltámos a "enxergar" qualquer coisa...


E assim se passarem cerca de quatro horas aos saltos! Ai mas a vingança na Pousada de Baucau foi terrível!... ;)


terça-feira, 13 de junho de 2017

Uma "estória" 4 anos adiada...

Estavamos em Maio de 2013 e, fugindo ao ambiente um pouco concentracionário de Dili, "fugi" pela "n-ésima" vez para a região minha preferida: a de Baucau "et ses environs". O relato está aqui: http://livrodascontradisoens.blogspot.com/2013/05/dili-baucau-laga-baucau.html

Permito-me citar aqui o que então escrevi sobre o que então aconteceu:

"Desci o planalto de Laga e atravessei a ponte que está à saída (no sentido Laga-Baucau) da vila. E foi então que dei com um pequeno grupo de raparigas sentadas num murete à borda da estrada e que se meteram comigo: "malae!...". Parei e tirei algumas fotos. E foi só quando vi estas que reparei bem nesta (verdadeiramente) pequena maravilha:


São sorrisos destes que me fazem andar por aqui pela estrada fora... Tinha acabado de "ganhar o dia"!... "


Depois deste dia voltei ao local muitas vezes. De cada vez pensava sempre "o que será feito da miúda que fotografei aqui?!...". Mas não passava disso: não tomei a iniciativa de procurar encontrá-la até porque não tinha comigo a foto que então tinha tirado.

Hoje foi diferente: graças às novas tecnologias "ela" estava ao alcance dos meus dedos. Mas só ao chegar ao local me lembrei dela e de, desta vez, tentar localizá-la.
Perguntado o dono do quiosque perto do local onde tirara a foto se a reconhecia --- 4 anos depois... ---, levei com um abanar da cabeça.
Porém, a sorte estava do meu lado e, atraído pela paragem do malae e do "Jaquim", apareceu primeiro um vizinho e depois outro e mais outro. E foi um deles que fez "luz" sobre o assunto: "É a filha do 'Chiquito'!...". "Onde está?!..." perguntei eu já a vislumbrar o reencontro. "Em casa?!...". "Não! Deve estar na escola!..."

Lembrava-me que logo à entrada de Laga havia uma escola e fui até lá. Estava na hora da saída --- apesar de serem apenas 10h45m e não 13h......
Pequenos e médios grupos de alunos e alunas vinham em direção a mim e fui perguntando se conheciam a moça da foto. Finalmente uma disse: "Sim! É a Tânia!...". "Onde está? Ainda na escola?!... Já saíu?!...". A resposta surgiu pronta: "está aqui no mercado!...", distante menos de 50 metros.
Pedi para a irem chamar mas ninguém, aparentemente, se dispôs a isso. Por isso virei o "Jaquim" e fui eu até ao mercado.
Parei o carro e embrenhei-me nele. Pouco depois apareceu um pequeno grupo de moçoilas quase "arrastando" uma delas. Era ela! Tinha-a "(re)descoberto" 4 anos depois!...

O sorriso franco tinha dado lugar a uma moça assustadiça perante um malae que desconhecia.


Foi só com a ajuda de uma "mana" mais velha a quem expliquei o que tinha acontecido que ela acalmou e desistiu de fugir e de se esconder, deixando-se fotografar.



Depois de dois dedos de conversa (?) e de umas (poucas...) fotos, deixei-a em paz. Só depois me lembrei que nem tinha perguntado o apelido nem a idade --- terá agora uns 11-12 anos. Foi de regresso ao quioque inicial que me disseram que era uma "Marçal"...

Que futuro espera esta moça --- e tantas outras da sua idade?!... Conseguirá estudar mais e construir um futuro para si e a sua família?!... Futurologia...