sábado, 7 de março de 2009

Baucau-Venilale P.P.

"PP" é a designação que os mini-autocarros que percorrem as estradas do país ligando as diversas povoações acrescentam ao percurso anunciado por cima do pára-brisas para designar "ida e volta".

As fotos abaixo foram tiradas em Julho passado, num curto passeio entre Baucau e a vila de Venilale, a sul dela e bem conhecida por ser onde se situa a famosa "Escola do Reino de Venilale", conhecida de muitos por ter sido reconstruída, há alguns anos atrás, graças ao produto da venda de um relógio da Swatch. Ficou, então, "um brinquinho" mas já está a precisar de uma nova pintura, tal o efeito da humidade naquelas paragens tropicais, muito húmidas.


A "excursão" deu-se a propósito de ir "ciceronear" uma aluna minha que tinha ganho um prémio de melhor aluna de "Economia Asiática" (ISEG) oferecido pela Fundação Oriente (Obrigado!).
Saídos da Pousada de Baucau, rumámos a Venilale num domingo de manhã.


Pelo caminho demos uma espreitadela nas conhecidas grutas escavadas pelos japoneses durante a segunda guerra mundial e que serviram para armazenamento de munições...

... e fomos admirando os diversos tipos de construção de casas e semelhantes que se podem ver e que têm algumas características próprias, como o uso da pedra e, noutros casos, o uso de telhados de "gamuti" ou de palha muito inclinados para facilitarem o escoamento da água das chuvas e... para servirem de armazém.


Como de costume, onde há um malai, há uma criança timorense à espreita. E esta foi uma delas. Com "aquele" sorriso que só os timorenses sabem ter.


Mas também as vimos bem menos "aperaltadas" (afinal era dia de missa, não é verdade?!...) e, mesmo, uma ou outra que parecia ter saído há momentos da caverna... Não é agradável de ver e dói o coração constatar que há pessoas que vivem num estado tão, mas tão, miserável. Estas situações são, naturalmente, mais vulgares nas zonas rurais, de montanha, mas também as vi quase às portas de Dili, nomeadamente em Hera, há alguns anos atrás.

Note-se que esta região é relativamente rica, graças à abundância de água e aos muitos terrenos preparados para, em socalcos, produzirem arroz.


Tal como um pouco por todo o lado em Timor Leste, há sempre, ao virar de cada curva, um cemitério. Maiores ou menores, mostram às escancaras o sofrimento de um povo que viu alguns dos seus melhores filhos sucumbirem na luta por um país a que pudessem chamar seu.


Chegados a Venilale, dá-se logo com um antigo edifício da administração pública portuguesa, com as suas "4 águas" e as bem conhecidas telhas "de meia cana". É uma pena que ninguém deite a mão a estes edifícios, que morrem aos poucos. Não valerá a pena preservar aquilo que é, apesar de tudo, parte da memória de um povo? (na verdade, de dois...)


E porque era domingo, era inevitável ter um "encontro imediato do terceiro grau" com uma atrasada mãe com uma carrancuda filha, vaidosa e modernaça, ambas a caminho da missa, naquele dia dita pelo Bispo de Baucau.

1 comentário:

  1. É pena a Net estar sempre a ir abaixo... não sei já se a culpa é do local, do computador ou, quem sabe, deste mal humorado operador!
    Gostei deste passeio por Timor e muito mais das fotos bem escolhidas para ilustrar este artigo. E como tenho sido preguiçoso, vou continuar a pôr a leitura em dia...
    Aquele abraço,
    JG

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