É verdade! Mais um pouco e ia "de cana"!... :-) Mas, como não podia deixar de ser, tudo se resolveu com calma e bom senso.
Peço desculpa por esta "estória" não pertencer a este "filme", de Timor, mas sim a outro...
De facto, em serviço da minha "Casa", fui dar aulas a Moçambique durante duas semanas.
Num dos dias, de dedo no "gatilho" (da máquina fotográfica...), lá fui eu para a rua com um colega que tinha ido ao mesmo. Andámos, andámos e de repente vejo, ao fim de uma rua e "entalado" entre um edifício e uma grande árvore, "o" objecto dos meus desejos!... :-)
"Carma"!... Não é nada disso que estão a pensar!... Seus marotos!... Era nada mais nada menos que um navio enorme, daqueles mastodontes que usualmente transportam carros!... Viciado em fotografar navios (ora vejam aqui, sff) e espantadíssimo por ver um navio daqueles na baía de Maputo, não hesitei: click, click, click, click!... 4 fotos seguidas, por vezes movimentando-me um pouco para escolher um ângulo mais "limpo" (i.e., com menos árvore e menos prédios).
Estava eu ainda deleitando-me com a minha "presa" quando oiço o meu colega, com inequívoca voz de comando, dizer "Vamos embora! Vamos embora!...". Estranhei e pensei que algum "amigo do alheio" tivesse ficado "vidrado" na maquineta e se preparasse para me assaltar. Olhei à volta e não vi ninguém mas como o meu colega continuava "comandando" dizendo para ir embora, obedeci.
Pouco depois percebi o que se passava: um soldado armado e dizendo para parar vinha ao nosso encontro. Parei e estranhei ele dizer-me que eu estava a filmar. O que eu tinha era uma máquina fotográfica e não de filmar e não percebia que mal poderia vir ao mundo por ter tirado fotos a um navio.
Percebi entretanto que o "magala" estava mesmo preocupado e disse-me para o acompanhar. Lá fui, ao mesmo tempo que pedia que me dissesse o que é que eu teria, eventualmente, fotografado e que não deveria ser retratado pensando eu que ele estaria convencido que eu o tinha fotografado armado. Nunca me respondeu, apenas insistindo que eu estava a filmar.
Depois de nos levarem para a entrada de uma vivenda é que me disseram que eu estava em instalações da Presidência da Repúplica de Moçambique (na Casa da Guarda) e então é que reparei que o "compound" desta começa ali, sendo proibido tirar fotografias --- esqueceram-se foi de dizer isso à malta do Google! :-)
Lá mostrei as fotos mas o pessoal não estava para aí virado: tinham que reportar o caso aos superiores! Do mal, o menos: o "superior" devia ter olhos na cara e dois dedos de testa.
E por ali fiquei cerca de meia-hora até que veio o "superior" --- que não se identificou --- que, educadamente, perguntou o que se tinha passado.
Lá expliquei quem era, o que me tinha levado a Moçambique e que tinha feito determinado percurso --- ilustrando com as fotos respectivas --- e que depois de ter estado junto da Igreja de Santo António da Polana (o "espremedor", devido ao seu aspecto) e ao descer a rua tinha visto um navio a passar e que estranhara aquele tipo de navios escalar Maputo. Como sou fã de navios --- resultado de ter sido "marinheiro" aquando do serviço militar e residir au bord de mer --- não hesitei: zás! E lá mostrei as fotos que tinha na máquina, ilustrando com muitas outras de outros navios --- incluindo a de um "irmão gémeo" do que acabava de fotografar.
Compreendendo o que se tinha passado e sempre educadamente disse-me que estava eclarecido o assunto e mandou-me embora. Respirei de alívio por reconhecerem que eu não era um perigoso espião!
Durante todos estes minutos achei piada às reacções dos vários militares que estavam presentes: desde o que achava que tinha chegado a hora de mostrar o seu poderzinho e que eu não tinha visto o sinal de pribição de fotografar por estar "desoncentrado" :-) ao que, nitidamente, achava aquilo uma chachada, havia de tudo um pouco.
Mas dei também comigo a pensar: como é possível, passados tantos anos já em paz e numa época em que o Google Earh quase entra pelas nossas casas sem pedir licença, continuar a haver regras proibindo fotografar determinados edifícios como se o país estivesse em pé de guerra.
Como é difícil perder os maus hábitos!... E meter alguma racionalidade na cabeça de algumas pessoas!
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…”Essa”, recorda-me quando em 2000 já noite e de regresso das festas de Santo António em Motael, resolvi parar o carro e ver a baía de Díli au claire de la lune, ali para os lados da casa do bispo de Díli (Lecidere). Dois ou três timorenses acercaram-se do carro e assertivamente me informaram que ali era campo santo e teria de abandonar o local…Argumentar para quê?...E só me restou ir ver o luar para outro sítio menos “santo”.
ResponderEliminarHá sempre algo para contar de Timor, ora de insólito, ora de curioso...felizmente
E o Professor pensa que é só em Moçambique que isso acontece ?
ResponderEliminarPois nos inicios dos anos 90 estava eu a reconhecer um percurso Todo-o-terreno para os lados de Idanha-a-Nova em que o tema eram as "pontes Romanas" e cheguei até à ponte de Segura, que fica na fronteira entre Portugal e Espanha, como do lado espanhol tinha um melhor angulo para fotografar a dita ponte fui até lá e comecei a fotografar a ponte.
Instantes depois apareceram uns dois ou três "Guardias Civiles" que armaram uma confusão, que eu não podia fotografar, etc, etc, etc.
E tudo isto porque o Posto da Guardia Civil ficava perto da ponte, eu nem o tinha visto pois não era assim tão perto como eles faziam querer e nem sequer o tinha apanhado nas fotos.
O problema é que a máquina era de rolo (ainda não havia as digitais) e os tipos queriam ficar com o rolo.
Tive uma trabalheira para os convencer que não tinah fotografado o "Posto" mas lá me safei.
POis... Mas um posto da "Guardia" é, apesar de ela ser "civil" ( :-) ) um objectivo militar estratégico para a segurança de España! Experimentem proibir tirar fotos ao Palácio de Buckingham e vejam o que acontece... :-)
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