domingo, 23 de setembro de 2012

Seloi Kraik e Aileu...

Sábado 15 de Setembro...
Como um casal amigo não conhecia Seloi Kraik e ele nem conhecia Aileu, toca a embarcar e dar uma voltinha por lá, ainda que sabendo que esta não é a melhor altura para ir a Seloi Kraik pois a época das chuvas ainda não começou e, por isso, não há arrozais verdes "para encher o olho" mas apenas terra seca. Mas ainda assim valeu a pena. Sempre...

A estrada Dili-Aileu está pior que nunca e a anunciada reconstrução da mesma com um empréstimo do Banco Mundial não está para tão cedo...
Mas lá fomos aos "trancos e mancos", comigo a lembrar-me que foi na última viagem naquela estrada e num solavanco maior que arranjei um problema num olho (entretanto resolvido graças, nomeadamente, ao óptimo atendimento na Clínica do Olho no Hospital Guido Valadares, em Dili).
Como saímos de Dili já depois das 9h, a minha prepocupação era a de saber se encontraríamos o Tatamailau descoberto ou já encoberto, já que normalmente acorda "destapado" e depois vai-se encobrindo com a crescente formação de nuvens.
Felizmente, depois de quase uma hora a subir a montanha "virámos" para o outro lado desta e o dito Tatamailau apareceu-nos ao longe com todo o seu esplendor, descoberto mas já a ameaçar que seria por pouco tempo.


Estugámos o passo para chegar o mais depressa possível a Seloi Kraik e quando chegámos ainda tivemos a oportunidade de ver o vale "coroado" por "Sua Majestade" Tatamailau!

 A foto do costume: há anos que tiro fotos do vale tendo como referência esta árvore, agora quase despida e aparentemente meio moribunda mas outrora bem viçosa
 
Aí está ele! O Tatamailau visto de Seloi Kraik e como que coroando-o

 
Uma das coisas que mais me atrai neste vale, nesta época como noutras, é o seu enquadramento e o silêncio. O som do silêncio é espectacular! O enquadramento porque, um pouco à semelhança do que sinto quando vou ao Remexio, fico sempre com a sensação que este é um vale "perdido" no mundo e que este pode desaparecer sem que no vale se dê por isso!

Como não há ainda água suficiente para fazer a sementeira de arroz, a actividade no vale reduz-se a muito pouco. Aqui o ali aproveita-se a água de um furo e nas margens do lago há quem aproveite para tentar "pescar" o almoço...



Terminada a visita a Seloi Kraik iniciámos o caminho de volta colhendo imagens de mais um ou outro pormenor da paisagem: as crianças que carregam lenha (quase) mais pesada que elas, o milhafre (?) que sobrevoa o vale procurando comida ou o kuda, lembrando os filmes de "índios e cábóis", que aproveita a palha seca para encher a pança!




E lá fomos nós a caminho de Aileu. Mais uns 6-7 quilómetros a descer e estavamos lá. Como era hora de almoço fomos à procura do dito (o costumeiro caril de frango) no local do costume (o restaurante da D. Silvina), desde há algum tempo em local construído de raiz e mais amplo uns 30-40 metros adiante das antigas instalações.

"Caril de frango para três, sff"!... Diga-se que quando o dito chegou confirmou o que sempre digo: trata-se do melhor caril de frango do hemisfério sul... :-)

Saciadas a fome, a vontade de comer e a sede, fomos fazer o início da disgestão para outro local: o monumento aos "massacrados de Aileu", 12 portugueses (da metróploe e da então colónia de Timor) que morreram durante a invasão japonesa na segunda Grande Guerra massacrados pelo invasor ou, noutros casos, por suicídio para evitar o quase certo (?) mau tratamento pelos japoneses.

O monumento, que já foi restaurado nos primeiros anos após a saída dos indonésios, às ordens e sob a orientação do Dr. Rui Fonseca, está hoje, novamente, muito degradado. As marcas do tempo estão bem visíveis.



 


A quem caberá a responsabilidade da conservação, com dignidade, do monumento? A Portugal, pois são filhos seus que ali estão, ou a Timor Leste, pois este é um monumento no país? Ou a ambos. Entendam-se mas façam qualquer coisa. Urgentemente. A humidade da zona está a corroer completamente as construções e o arco de entrada apresenta uma racha de um lado ao outro que não é de bom augúrio...

Coordenadas do monumento aos massacrados de Aileu

Estava terminado o passeio. Apontámos a norte e viemos pela mesma estrada que nos levara até Aileu, encontrando pelo caminho outros companheiros de viagen, como este "bus" que parecia ter saído directamente da 2ª Guerra!...

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