Chegado a casa da Nafreana, foi a desilusão: a mãe reconheceu o meu carro e veio ter comigo e disse-me que ela estava agora a estudar em Ossu. Lá se foi a possibilidade de tirar mais uma fotografia dela. Há alguns meses atrás tinha lá estado e ela também não estava pois tinha vindo para Dili! Eu ao encontro dela e ela ao meu desencontro... Mas deixei com a mãe uma moldura em que tinha colocado as várias fotos dela ao longos dos últimos 3 anos. A mãe ficou, claro, encantada...
A criançada da vizinhança reconheceu-me também e veio pendurar-se no carro fazendo as macacadas do costume.
A casa da Nafreana fica num local muito aprazível, rodeada de arrozais em socalcos, socalcos esses que na região existem em vários locais.
Os arrozais estendem-se quase até Venilale e fui tirando fotos ao longo da estrada, uma forma de passar o tempo pois a mãe da Nafreana tinha dito que estava à espera dela.
A 2 kms de Venilale voltei para trás e parei novamente junto da casa para ver se a moçoila tinha chegado. Nicles, batatóides! De Nafreana nem sinal. Acabei por me meter de novo à estrada e regressar, ainda debaixo de chuva, a Baucau. No caminho tive de passar pelo "buraco da agulha" criado pela queda de uma árvore de grande porte.
Domingo amanheceu com o céu todo encoberto mas não chovia. Depois de "matabichar" meti-me à estrada e lá fui eu a caminho das duas zonas que queria ver e fotografar: a baixa do Seissal e Laga. O sol, entretanto ía aparecendo "afastando" uma parte das nuvens.
A zona do Seissal estava linda, com os campos de arroz semeados há pouco tempo e verdinhos, verdinhos, como só um arrozal consegue ser. Aqui e ali ainda havia pessoas a trabalhar nos campos. Alguns camponeses usavam agora, em substituição dos búfalos para pisotearem o terreno de cultivo, os motocultivadores que o Governo comprou e cedeu a alguns deles.
A planície do Seissal proporciona também imagens espectaculares dos dois Matabean: o "feto" (mulher), à esquerda, e o "mane" (homem), à direita. Por vezes consegue-se mesmo fotografá-los reflectidos na água dos arrozais.
Chegado a Laga, recordei a imagem da igreja local, onde decorria a missa matinal.
Antes de ir a Laga tinham-me também falado na "tranqueira" local. Perguntei onde era a uma moça que por ali estava mas ela ou não sabia ou não me compreendeu. E fiquei na mesma.
Segui então para apanhar a estrada para Baguia, de onde, um mês antes, tinha tirado umas fotos muito boas dos terrenos preparados para receber as plantas de arroz.
Acima e abaixo: a mesma área da várzea da ribeira de Laga
no início e no fim de Março/2011
Na zona de onde tirei as fotos há um conjunto de casas de tipo tradicional ("melhorado") da região. É em Butufalo de Laga (8º 28',633 S + 126º 36',09 E + 65mts), de onde se vê também uma paisagem espectacular dos dois Matabean, o "feto" mais próximo, e o "mane", logo a seguir.
A primeira parte da "missão" em Laga estava cumprida. Faltava dar com a "tranqueira". De regresso a Laga, vi na estrada um "katuas" que pensei ser boa fonte de informação. E assim foi: indicou-me que mais adiante estava um desvio para a esquerda que permitia chegar até lá. E lá fui eu mais o meu "Jaquim" ladeira acima até chegar a um planalto por cima da povoação. "Esta gente sabia onde colocar este tipo de edifícios", foi o meu primeiro pensamento: num alto, dominando a paisagem em redor e os acessos.
As muralhas da "tranqueira" estão bem conservadas mas a casa de habitação no interior está em ruínas. A planta do "castelo" é interessante pois em dois cantos diagonalmente opostos, permitindo cada um controlar dois lados do quadrado, há torreões redondos que embora baixos são eficazes na sua função de vigia.
Mas o que mais me admirou foi a existência, a poucos metros da construção abaluartada, do edifício da antiga Administração portuguesa. É um edifício que tem sinais de ter sdo utilizado pela tropa indonésia e isso terá ajudado a salvá-lo da ruína quase certa, como o que aconteceu com as residências de funcionários existentes em Venilale.
Trata-se de um edifício (facilmente?) recuperavel para turismo, por exemplo para uma pequena estalagem/parador quer para beneficiar da vista, espectacular, que dali se tem e permitir a visita da região quer para apoio aos que, de Dili, procuram a ponta leste da ilha, nomeadamente Tutuala e o Jaco.
Terminada a "romaria", estava na hora de regressar a Baucau. E foi no caminho de regresso que mais uma vez me deleitei com a visão dos arrozais, dos Matabean e... não só!
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ResponderEliminarsou amigo de há longa data do José Luis Henriques de Jesus e perdi o contacto dele; será possível dar-me alguma orientação? Fico muito agradecido.
ResponderEliminarArtur Schiappa
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