domingo, 24 de abril de 2016

Dili-Aileu-Maubisse-Ainaro a caminho do Suai

Terça feira, dia 19 de Abril de 2016: estando prevista uma visita de fiscalização de actividades económicas no município de Suai, combinei com a Presidente da Comissão "D" (Economia e Desenvolvimento) do Parlamento Nacional, a minha "patroa" mais directa, que, uma vez que ia sózinho a conduzir e não em carro do Parlamento com motorista, eu partiria um dia mais cedo que os deputados a fim de estar "fresco que nem uma alface" quando eles chegassem ao Suai no dia seguinte. E assim foi: às 7h40m da matina acordei o "Jaquim" e disse-lhe "anda Jaquim! Vamos "pá" estrada! E hoje prepara-te porque vai ser dose de cavalo!...".
O "Jaquim" esfregou as rodas de contente, estremeceu a cabeça (do motor... ;) ) e fez o "vrum!, vrum!" do costume! E lá fomos "nóis"!
Paragem rápida na estação da Pertamina antes da saída de Dili para dar de beber ao "Jaquim" e... lá fomos nós, primeiro em direcção a Aileu e a um reforço do pequeno almoço no inevitável restaurante da D.Silvina.
A estrada, no quadro de um projeto financiado pelo Banco Mundial para a reformar no percurso Dili-Ainaro, apresenta agora partes muito aceitáveis ainda que não cobertas ainda pelo lençol preto do costume.


A certa altura dá para ver a paisagem do vale de Hera, com a respetiva ribeira e o porto utilizado pela Marinha de Timor Leste como sua principal (e única...) base naval.


As obras na estrada têm várias frentes e por vezes temos de esperar oportunidade para passar. O pior é quando nos aparece pela frente um camião graaaaandeeeee e nos vimos aflitos para o ultrapassar. No regresso do Suai cruzei-me, a certa altura, com este ou outro camião igual e ainda estou para saber como é que o "Jaquim" não o esmagou... Rssss ;) . Diga-se a verdade que ele nunca seria esmagado porque... ele ia do lado da ribanceira... ;) Mas o "Jaquim" encolheu-se todo e lá passámos os dois... Não sei ainda bem como foi, mas conseguimos passar um pelo outro ainda que entre nós coubesse apenas um cabelo... Dois não caberiam!







E de repente,  após uma curva da estrada e cerca de uma hora depois de termos saído de Dili...


O Tatamailau e a cadeia do Ramelau! Limpinho, limpinho, àquela hora da manhã. Liiiindoooo!



Pelo caminho até Aileu ainda passamos pela "uma lulik" (casa sagrada) mais conhecida de Timor Leste e por dois mercados. 
O primeiro, de Laulara, quase esconde o acesso a uma estrada alternativa à estrada principal Dili-Aileu. Esta estrada tem paisagens muito bonitas mas tem o inconveniente (?) de em vários locais o piso ser de uma areia que mais parece pó de talco, muito fina e escorregadia... Cuidado!... Uma parte do seu percurso final é feito dentro do leito da ribeira de Comoro e entra-se em Dili pela zona de Malaeuana e do seu conhecido mercado.
O segundo mercado, mais perto de Aileu, "esconde" outra estrada, a de acesso ao vale de Soloikraik (maravilhoso, principalmente nesta época do ano, com os arrozais verdinhos, verdinhos...), com a sua vista a perder de vista e com o Tatamailau ao fundo. A estrada continua até Gleno, ligando Aileu a esta cidade.






E finalmente, Aileu. Ou, melhor, o restaurante da D. Silvina. Infelizmente não eram ainda horas de comer o melhor caril de frango do hemisfério sul. Bem... Depois de ter comido um no Suai, no hotel Eastern Dragon, este afinal não é o melhor mas sim o segundo melhor... ;)


Depois de uma sandocha e uma bebida, estava na hora de re-partir em direção a Maubisse e Ainaro, onde me esperavam duas amigas, ambas professoras portuguesas na "escola de referência" daquela cidade, que me tinham pedido boleia para irem passar uns dias de férias ao Suai.

Pouco antes da saída de Aileu passa-se pelo edifício da antiga administração portuguesa e pelo conhecido --- mas agora um pouco maltratado... --- monumento aos "massacrados de Aileu", mortos durante a ocupação japonesa.



Siga a volta... agora a caminho de Maubisse e, depois, Ainaro, onde me esperavam as minhas amigas e... umas moelas de caril... Mnham, mnham....

Entretanto, alguns quilómetros depois de Aileu percorridos em velocidde razoável num troço de estrada já preparado para receber o tapete preto, passa-se por um vale onde existe um pequeno mercado e uma cooperativa de produção piscícola, de carpa do Nilo (https://pt.wikipedia.org/wiki/Perca-do-nilo).


Os mercados, em qualquer parte do mundo e em particular em Timor Leste, são a delícia de um fotógrafo que queira captar o ambiente humano local. Este, "pequenissíssimo", não é excepção... ;)



Passado o mercado começa a subida da montanha que, depois, nos vai levar a Maubisse. 
A estrada, nesta zona, está em obras ao longo de vários quilómetros e frentes de obras. Em algumas assisti a verdadeiros malabarismos das máquinas, uma ou outra armada em "trepadora".





E por fim Maubisse e seu castelo altaneiro. Perdão: sua pousada altaneira...


E o monumento, do tempo da administração portuguesa, ao régulo Benevides, também ele vítima, às mãos dos japoneses, da sua fidelidade a Portugal.



 Na estrada, bordejando-a, plantas do famoso café de Maubisse.


Bem como algumas paisagens espetaculares da região do Ramelau.




A vegetação aqui é diferente do que estamos habituados a ver ao longo das estradas do país já que aqui reinam as árvores de regiões mais frias, de altitude, nomeadamente os pinheiros.


Passado o desvio para a povoação de Hato Builico, que serve de base de apoio aos que querem subir o  Tatatamailau...


... continuamos a subir até aos cerca de 1500-1600 metros, antes de começar a descer para a "flecha" e a bifurcação da estrada para Same ou para Ainaro, para a direita.


A paisagem é esmagadora, com o monte Cablaque à nossa frente, parecendo uma barreira intransponível.




E finalmente, depois de mais umas quantas curvas e obras na estrada (e alguns sustos no cruzamento com camiões das obras --- muuuiitooos... ---, "angunas" e "biscotas", ambos a abarrotar de passageiros), Ainaro.


Antes das moelas de caril demos uma espreitadela ao monumento que imortaliza o régulo D. Aleixo Corte-Real, também ele vítima dos japoneses (1943).



Por agora é tudo. Vou ali às moelas e já volto... ;)


1 comentário:

  1. Caro professor.... essa do Jaquim esfregar as rodas, esta um must.... :) Tendo feito ha dias essa mesma viagem, sei bem pelo que o pobre do Jaquim passou :) fico a espera da segunda parte da reportagem.

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