No passado sábado o blog TimorLorosaeNação publicou uma notícia (?) sobre o Fundo Petrolífero de Timor Leste (traduzida do original da revista americana FORBES) que me fez rir e que comentei no É a economia, estúpido!....
Esta "estorinha" é apenas para recordar --- sem foto, para manter o mais possível e apesar de tudo, a privacidade do visado --- alguns dos passos principais do "personagem principal" da notícia da FORBES, o meu colega do banco central de Timor Leste Venâncio Alves Maria.
Conheci o Venâncio em Março de 2000, quando, integrado no primeiro grupo de economistas timorenses a visitar Portugal, esteve a frequentar um curso no INA-Instituto Nacional de Administração, em Oeiras, de que fui professor.
Recordo que na altura era um dos dois que dominava pior o português já que, sendo um dos mais novos, toda a sua escolaridade tinha sido feita em indonésio. Mas pressentia-se já que era "vivo" e seguiu com interesse as aulas através da tradução que lhe foi sendo feita para o inglês.
Se recordo este aspecto "linguístico" é para salientar o enooooormeeee progresso que fez desde então, dominando hoje bastante bem --- ainda que com algum "tropeção" de vez em quando... --- a língua em que o leitor me lê.
O "tropeção" mais engraçado foi quando há alguns anos atrás, numa das primeiras aulas de português em que participou, respondeu convicto e com o permanente e "escancarado" sorriso que o caracteriza que o par do "galo" era... a "gala", pois claro! (claro que o 'disparate' é do português, armado em machista, que resolve dizer que a fêmea é uma "-inha"... "Galinha" devia ser o pinto e não a "gala"!... Certo?)
Esta referência serve também, numa perspectiva mais alargada, para salientar o enorme esforço de aprendizagem do português que muitos timorenses têm feito nos últimos anos e que lhes permite expressarem-se na nossa língua com muito mais desenvolvtura que anteriormente. A necessidade aguça o engenho e a natural facilidade dos timorenses para as línguas faz o resto...
Tal como refiro no blog sobre a economia de Timor Leste, o Venâncio é ainda um exemplo de uma jovem geração de funcionários/empregados que se sente que têm orgulho no que fazem e procuram fazê-lo cada vez melhor, aproveitando as oportunidades de formação que lhes têm sido oferecidas. Talvez por isso já foi eleito pelos seus colegas, creio que mais de uma vez, como o melhor funcionário do banco central.
É por ter pessoas assim que tenho confiança no futuro do país --- embora por vezes alguns políticos me façam vacilar na minha "fé"... :-). Indubitavelmente o futuro de Timor Leste estará nas mãos da geração que tem hoje 35-45 anos. O que, sendo provavelmente uma verdade "lapalissiana", não deixa de ser encorajador!
Há alguns anos atrás um banco privado que actua no país "desencaminhou-o" e ele deixou o banco central. A experiência não durou muito... Mesmo com prejuízo material imediato compreendeu que o banco central lhe abria as portas de uma formação e de um progressão na carreira que lhe estavam vedadas no banco privado. E passado uns tempos tínhamos o Venâncio de volta. Em boa hora.
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