Estava eu num belo "bate-papo" com uma amiga quando, a propósito de já não sei o quê --- pois... quando nos juntamos os temas de conversa são como as cerejas... ---, me lembrei de uma cena que ocorreu comigo.
Quis "alguém" --- os pais, os antepassados e mais "Alguém"... --- que a minha mulher tenha uma pele muito branca. Ora já nos aconteceu mais de uma vez que moçoilas timorenses comecem a olhar "embevecidas" (?) para ela e acabem por lhe dizer que tem uma pele muito bonita.
Uma das vezes quem o dizia eram duas empregadas de balcão de uma loja em Dili, ambas timorenses (ainda que uma tenha sangue indonésio na "guelra").
Ambas tinham um tom de pele muito bonito, daqueles que muitos "malais" adorariam ter após uma boa temporada na praia: um castanho quase dourado.
As moças desfaziam-se em elogios e a certa altura não resisti a dizer-lhes: "Ora bem! Vamos lá ver se eu entendo... As "malai", branquelas, vão para a Areia Branca para ficarem com o vosso tom de pele, que é lindo, e vocês, que graças ao bom Maromak, já nasceram com ele querem ser "branquelas" como as malai?!... Como é? Alguma coisa está errada... Porquê essa fixação em ter um tom de pele claro?!..."
Em complemento, já devem ter notado que não há um único apresentador das estações de TV da Indonésia que não seja um "branquelas" meio deslavado...
Aliás, uma parte das sociedades asiáticas tem o mesmo "tique". Lembro-me de há alguns anos a única pessoa que em Dili andava com um "chamativo" chapéu de abas largas na cabeça, tipo "Ascot", era uma japonesa que, salvo erro, dirigia uma das agências da ONU. E tudo isto porque, naturalmente, não queria que o sol queimasse aquela sua cutis do tipo "branco leite de colónia"... ("De Colónia é o leite que você deve usar p'rá beleza realçar" --- lembra-se do anúncio :-)?!... ).
Creio que tudo deve ter que ver com a ligação mental entre a cor da pele e o status social no tempo colonial. É tempo de acabar com isso, não?!... :-)
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Acho também muito interessante ao facto de muitas timorenses quererem ser claras a todo o custo, evitando expor-se ao sol e mascarando-se com uma massa esbranquiçada usado como protector solar. Não sei se toda a vontade de ser “branca” tem a ver apenas com influência colonial, mas talvez sim com o subconsciente do branco ser “sinónimo” de “limpo”, antítese do preto, do escuro. É de facto, uma reacção cultural que em termos objectivos é descabida, mas é curioso que são os próprios timorenses que chamam a indivíduos de tez mais escura, pelo seu nome seguido de metan
ResponderEliminarLembro-me bem dessa propaganda do "Leite de Colónia" e da música...
ResponderEliminarÉ um facto e é lamentável, esse desejo de ter a pele branca. Há alguns meses ouvi uma moça timorense lamentar-se de ser tão "preta", quando se referia ao tal moreno dourado, cor lindíssima das timorenses que põe as cabeças dos malaes a andar à roda.
Também não acho que isso tenha qualquer origem colonial, sendo comum em vários países asiáticos, como o Japão ou a China. No tempo do Timor Português não me lembro desse tipo de complexos, até porque havia gente de todas as cores entre os funcionários superiores malaes (europeus, caboverdianos, macaenses, goeses, diuenses, etc.). Acho que tudo se deve à associação do branco à pureza, como diz Maria Clarinda. E, no caso de Timor, a influência cultural da Indonésia também neste aspeto se faz sentir com muita força, pois como diz o Prof. Serra, os locutores da TV e as estrelas da música pop são brancos como a neve, devido ao uso de produtos branqueadores.
Moças timorenses: não sejam tolas e mantenham a vossa cor com orgulho, pois ela é linda. As mulheres morenas são as mais bonitas do mundo (que me perdoem as outras).