sábado, 18 de abril de 2009

Ali para os lados das termas de Marobo...

Quem vai até Bobonaro faz mais uns quilómetros e dá uma saltada até às famosas termas de Marobo --- ou ao que resta delas...
A estrada entre Bobonaro e Marobo não é má de todo mas os últimos quilómetros, já perto das termas, são assim a modos que... Bem... o melhor é verem com os vossos olhos!...


Mas enquanto se chega lá e não chega, dá para aproveitar a viagem e gozar a beleza natural quase indescritível.
De facto, as termas encontram-se num autêntico "buraco" no fundo de uma das vertentes da montanha que, em Timor, mais "mexe" comigo: o Cailaco. Já perto delas, é impressionante a vista que se tem até ao cimo da montanha. Sentimo-nos pequeninos, pequeninos, pequeninos!... Aquela montanha, vista dali, "esmaga-nos" ainda mais que de outro local qualquer.

Espantado fiquei também quando vi que naquela zona também se cultiva arroz aproveitando os socalcos feitos há muito.

Chegados às termas, o espectáculo que se nos depara é o que está ilustrado nas fotos abaixo: elas não são mais que ruínas. Creio que já se falou na hipótese de as recuperar mas o investimento terá de ser enooorme, não só para as ditas cujas como também para dar uma melhorada (e que melhorada!...) nos acessos. Pior do que estes só vi, já lá vão uns bons anos, o acesso à praia frente ao ilhéu Jaco, numa época em que resolveram "melhorar" a estrada, já de si horrível, despejando nela umas quantas toneladas de pedregulhos de tamanho razoável --- do que haviam de se lembrar!...

Já no caminho de regresso demos com uma "tecelã" de tais trabalhando num com os desenhos mais característicos da região (os famosos tais de Marobo só usam duas cores: o preto, predominante, e o branco, para os desenhos).



4 comentários:

  1. Talvez muitos não saibam mas o tanque que existia logo abaixo da piscina que se encontra agora destruída, ( ao que consta, devido a um terramoto) destinava-se a banhar os cavalos do Esquadrão de Cavalaria 5 de Bobonaro. Aproveitando as águas sulfurosas das várias nascentes, “ desinfectavam-se “ os animais das frequentes maleitas de pele.
    Curiosas são as fotos de 1918 retratando a sociedade colonial de então, a águas no Marobo. Lá não falta o Senhor Governador ( pois então) e até algumas mademoiselles, num sucedâneo arremedo do ambiente termal na longínqua Europa... tempos idos...
    Mas foi precisamente na difícil descida para as “termas”, que tive a oportunidade de ser presenteado com um grande gesto de solidariedade por parte dos aldeãos locais, quando a viatura que conduzia ficou vai que não vai a precipitar-se numa ravina. Ficou lá durante a noite. E toda a noite esteve guardada para ninguém a empurrar pelo precipício. Sempre que vou ao Marobo, não posso deixar de visitar a família que me valeu.
    Mas aquela “ excomungada “descida tem para mim muito que contar...mas fica para outra ocasião.

    RBF

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  2. Meu caro Rui Fonseca,
    Muito obrigado por mais esta sua contribuição. Sinta-se à vontade para, sempre que quiser, "juntar a sua à nossa voz". Afinal o "Livro" foi pensado desde o início como um "livro aberto" a outras contribuições. Obrigado

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  3. Mais uma bela reportagem "dos malais" e uma preciosa achega de RBF - essa generosidade e amizade que referiu é o verdadeiro Timor e esse não desaparece.

    O Prof. Serra sentiu a força indefinível que as montanhas de Timor exercem sobre nós. Ramelau, Matebian, Cailaco ou Mundo Perdido, são lugares onde ficamos com a respiração suspensa e sentimos um arrepio na espinha, sem sabermos muito bem porquê.

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  4. ...Será que esse arrepio na espinha que se sente com o Ramelau, Matebian, Cailaco ou do Mundo Perdido, nada terá a ver por serem matebian, ou local das almas dos mortos? Quero crer que sim, pelo menos parte da atmosfera que emanam disso certamente advem. Quem passou alguma noite nos seus cumes, sentiu-tenho a certeza- algo de místico e irreal.

    RBF

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