É conhecida de todos a profunda devoção dos timorenses por Nossa Senhora de Fátima. Não há nenhum que venha a Portugal que sonhe, sequer, não ir ao Santuário e rezar pela família, pelos amigos e pelo país.
Esta "estorinha" passa-se em Março-Abril de 2000. A sorte de Timor Leste estava ditada e provavelmente o primeiro grupo de timorenses que veio a Portugal para frequentar uma acção de formação foi um grupo de cerca de 12-15 economistas que tiveram aulas no Instituto Nacional de Administração, em Oeiras. Tive a felicidade de ser professor deles e de, logo ali, criar algumas amizades que se têm mantido ao longo do tempo.
Ora, no primeiro fim de semana que tiveram livre estava previsto fazerem um passeio pela Grande Lisboa --- a "velha" "volta dos tristes": Sintra, Cascais, Estoril, etc.
Postos perante esta hipótese foram unânimes: "Não, obrigado! Nós queremos é ir a Fátima assistir à missa das 11h!". E foram, claro!
O pior foi quando embarcaram de regresso a Timor: a organização teve de pagar excesso de bagagem por causa... dos garrafões de água de Fátima que levaram!...
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Não resisto a contar um outro episódio de cariz “religioso” passado também em 2000.
ResponderEliminarO P.e Melícias foi alertado que uma imagem de N. Senhora de Fátima tinha sido destruída na Igreja do Suai aquando o ataque das milícias, em 1999.
Num dos aviões então fretados, lá chegou um caixote contendo uma linda imagem de N.Srª de Fátima made in Portugal, com coroa metálica dourada, pedras coloridas e tudo. Ainda estávamos no final da época das chuvas e havia dificuldade em fazer entrega da encomenda no Suai. Falando exactamente disso com os pilotos da Força Aérea Portuguesa, que na altura tinham em Díli uma esquadra de helicópteros Allouette, logo dois oficiais se disponibilizaram a levar ao Suai a imagem no dia seguinte. Assim, logo de manhã, embarcou-se a custo o grande caixote no Allouette. Passadas uma duas horas fui procurado pelos mesmos pilotos que me comunicaram que mal chegaram ao Suai, chamaram alguém para ajudar a descarregar o volume. Quando o homem viu do que se tratava, como por encanto e de imediato se juntou uma multidão à volta do heli, sendo a estatueta literalmente arrancada das mãos do pessoal da Força Aérea, nada valendo avisos que deviam ter cuidado com o objecto e que desejavam um papel, um recibo de entrega. Qual quê! Logo ali se organizou uma procissão dirigindo-se para a Igreja entoando hinos e transportando a imagem ( que não era pequena) em ombros. Assim, desoladamente, não me podiam fazer prova da entrega.
Disse aos oficiais que a imagem estava entregue e, portanto não se preocupassem com o previsto recibo. Perguntei, contudo, se com a confusão gerada, a coroa, que era vistosa ,não teria caído. Eles ficaram mudos, entreolharam-se e lá balbuciaram um pouco comprometidos que não tinham ideia de terem reparado nesse pormenor. Acalmei-os, dizendo que iria pedir a alguém, para mais tarde verificar. Despedi-me agradecendo aos homens do ar o desempenho da missão.
Ao fim da tarde ( que em Timor não é muito tarde) lá apareceram de novo os oficiais pilotos. “-Olhe fulano, disse-me o mais graduado que era capitão, voltamos ao Suai pois não estávamos descansados por causa da coroa. Fomos à igreja e a imagem já lá estava e completa”.
Tempos mais tarde confirmei pessoalmente na Igreja do Suai que a coroa dourada,com pedras coloridas, encimava a cabeça da imagem de N.Senhora de Fátima, manufacturada em Braga.
RBF
PS.
Há muitas outras estórias de imagens religiosas que vieram de Portugal para Timor. Quando for de ocasião, voltaremos a falar disso.
Força! E se me permite vou "puxar" esta para a "primeira página"... Ok?
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