quinta-feira, 21 de maio de 2009

Só mais uma coisinha sobre moeda...

A propósito da 'entrada' abaixo sobre as moedas que foram utilisadas em Timor Leste entre 1999 e 2001, lembrei-me de uma "estorinha".
Quando foram emitidas as moedas metálicas timorenses, cunhadas na Casa da Moeda-Imprensa Nacional (CM-IN), de Portugal, devido a um preço muuuuuito vantajoso que foi cobrado por esta à ABP, lembro-me de terem circulado pelo menos dois boatos sobre as novas moedas, em que um deles "mete" o escudo português.
O boato que referia este último foi o de que as moedas de 25 e de 50 centavos, feitas de uma liga amarela como o tinham sido algumas moedas de escudo, teriam sido cunhadas a partir do metal obtido com o derreter dos escudos. NÃO é verdade! A Casa da Moeda teve de comprar no mercado e ao preço deste a liga usada na cunhagem.
O outro boato --- que circulou pouco antes da entrada em circulação das novas moedas --- era o de que as moedas timorenses teriam numa das faces os símbolos representados nas americanas e na outra face... o escudo português!... :-)

Eita imaginação fértil!...

PS - já agora e porque julgo não ser segredo de Estado: a CM-IN cobrou à ABP apenas os custos da matéria prima usada na cunhagem das moedas e ofereceu a Timor todos os demais custos (design, mão de obra industrial, etc). Daí o seu preço ter sido imbatível.

1 comentário:

  1. …E para continuar com as curiosidades e especificidades da moeda em Timor-Leste, será interessante recordar como os indonésios divulgaram e de modo directo e eficaz a rupia, a nova moeda que de imediato começou a circular a partir de 1976, no território recém- ocupado. O escudo de Timor foi liminarmente retirado de circulação, não havendo direito à sua conversão na novel moeda.
    As novas autoridades apoiavam-se no sempre repetido slogan, que tinham entrado em Timor para livrar os timorenses do colonialismo e dos comunistas e, como tal, também era preciso esquecer os velhos escudos. Foram impressos cartazes a dar conta das moedas e notas de rupia. E, com particular incidência nos povoados da montanha, eram efectuados mini comícios onde as populações eram “convidadas” a comparecer. Formalmente e depois do discurso da praxe exaltando a pátria indonésia, a sessão de propaganda continuava, apresentando fisicamente o novo dinheiro e a obrigatoriedade em toda a gente o aceitar. Depois, e num gesto considerado de grande benevolência dos irmãos indonésios, como num golpe de mágica, retiravam um pano que cobria um monte de moedas e notas de baixo valor depositado no chão, finalizando então o orador:
    - “Estas são as moedas e notas no novo Timor. É vosso, correi e apanhai-o”.
    … E assim, foi introduzida a rupia na 27ª Província Indonésia de Timor Timur.

    RBF

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