Numa semana, duas viagens para Oeste. Nada off-road, embora não recomendável para carros alemães feitos para estradas de veludo....
As praias sucedem-se ao longo da estrada, passando pela beleza estranha das árvores nuas da Lagoa de Maubara.
Dentre as muitas frutas, peixes e tua mutin à venda na beira da estrada, chamam-me a atenção os cachos de uva. Pequenas, muito doces, com um sabor intenso, diferem agradavelmente das suas congéneres importadas. Questões económicas e realidades demográficas à parte, há muito que se dizer em favor da agricultura orgânica, principalmente no que diz respeito à gastronomia...E o preço é convidativo: 50 cêntimos, enquanto uvas importadas chegam a custar US$ 7 em Díli. Uma oportunidade a ser explorada pelos pequenos produtores de Liquiçá e Manatuto.
Falando em oportunidades, fiquei feliz ao ver novos e belos objectos de palha trançada (homan) em Maubara. Graciosas bijouterias e “wind chimes” à venda, um trabalho mais elaborado e de muito boa qualidade. Os preços, muito baratos, significam que são acessíveis aos seus compatriotas, e de facto tornaram-se um dos objectos mais comprados pelos timorenses.
Uma das praias mais belas de Timor fica em Atabae, Bobonaro. Formações rochosas esculpidas pelas ondas acumulam-se na areia, contra um mar muito azul. A praia leva a fama de ser perigosa. E o mar violento. Não, não é por causa dos famosos crocodilos que estão dando que falar desde que um foi visto nos arredores de Díli, e sim por causa das pedras. Ainda assim, é impossível passar por lá sem imaginar o quanto seria interessante montar um resort nos arredores, com uma vista daquelas do lado do mar, e das montanhas impressionantes em terra.
Muito arroz em Maliana e muito movimento nas terras/quintas; o verde das plantações (natar) é lindo de se ver, ainda mais no contraste com o céu azul, com as montanhas cobertas de nuvens ao longe. Ainda chove nas montanhas e formam-se pequenas quedas d’água nas encostas, que cintilam ao sol.
No caminho de volta, a beleza escondida da “Bubble Beach”, em Leohata. Entre as pedras, uma pequena nesga de areia negra aquecida pelas fontes geotérmicas transforma o mar numa deliciosa jacuzzi. Um dos segredos mais belos de Timor, a pequena praia de acesso difícil permanece ignorada pela população local e por quase todos, excepto os mergulhadores.
A Rota do Sol continua além de Díli, a Leste. A estrada serpenteia por entre manguezais e praias, num caminho mais escarpado e abrupto do que a Oeste. Ainda há pequenas florestas de coqueiros e palmeiras, dando uma ideia do que seria o Timor coberto de árvores de uma centena de anos atrás; todavia, a vegetação nas montanhas é escassa. A região é celebrada pelos sítios de mergulho que lá há; a visibilidade é enorme em locais como ‘one tree’ (que agora é ‘no tree’...a última árvore já se foi), uma pequena praia rochosa numa das curvas.
Logo após as palmeiras de Manleu (e o peixinho grelhado à beira da estrada...), fica a celebrada ‘Praia do Dólar’.
Linda pelo contraste da areia branca com o mar transparente, e uma das praias mais frequentadas há alguns anos, hoje em dia permanece quase deserta. O nome deriva do facto de que, logo após a chegada dos milhares de ‘internacionais’ em 1999, se cobrava um dólar pela entrada. Agora, o preço a pagar é a ausência de sombra e o ‘allure’ de permanecer na água límpida: costumo associar as minhas lembranças de óptimos momentos ao efeito ‘pele vermelha’ no dia seguinte. Nesta última visita, a primeira coisa que notei foi um enorme tronco arrastado pelo mar. A paisagem ficou ainda mais bela com o contraste da madeira de um castanho suave contra o mar muito azul.
De lá até Com, as paisagens são lindas. É pena que a maior parte das pessoas vá directamente a Com, no máximo parando em Baucau. Parar um pouco vale a pena, nem que seja para tirar fotos apenas. As praias são lindas a meio do caminho; algumas vezes, vêem-se golfinhos a brincar perto da costa.
Poucas aglomerações humanas, algumas aldeias de pescadores apenas. Imagens de cartão-postal do Pacífico Sul: um mundo banhado de sol e paz, por entre campos de arroz e milho.
Até à próxima viagem!...
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