domingo, 8 de fevereiro de 2009

No tempo em que os aviões voavam...

... entre Dili e Kupang, nomeadamente em Agosto de 2005.
Nessa época estava eu em Timor e decidi ir passar uns dias a Kupang, para ver como era o "outro lado" ou "o lado de lá".
Estávamos no finalzinho de Agosto e apanhei o vôo então existente entre as duas capitais existentes na ilha, numa "amostra de avião" da Merpati, superbarulhento, com cerca de 12 lugares.
Importante para a decisão de lá ir foi o facto de, por acordo entre Portugal e a Indonésia, os cidadãos portugueses já poderem, como tantos outros, obterem o visto no ponto de entrada no país e não, necessariamente, na Embaixada indonésia mais próxima.
Chegados ao aeroporto de Kupang mostrámos os passaportes e dissemos que queríamos entrar... :-). E que pretendíamos fazê-lo gozando da nova facilidade burocrática.
Aí é que a coisa "enfeiou"... Os funcionários, solícitos, disseram-nos que tinhamos de ter o visto de entrada obtido na embaixada Indonésia e eu, igualmente solícito, disse que não senhor, que agora podíamos comprá-lo ali mesmo.
O pior é que os funcionários não sabiam da nova legislação. Lá explicámos que desde o dia 1 passado podíamos, como os cidadãos de outros países, comprar o visto na entrada. Admirados por não saberem das novas regras, foram-se informar.
Daí a pouco voltaram confirmando a existência das mesmas mas que a versão do sistema informático com que trabalhavam ainda não previa a nova situação. Ficaram sem saber o que fazer. E entretanto já todos os (poucos) passageiros do voo de Dili tinham seguido a sua vida...
O tempo foi passando e como estava de férias "encaixei" a situação --- que entretanto já se arrastava há uma boa meia-hora --- com bonomia.
A mesma com que fui respondendo às perguntas dos 3 funcionários da Alfândega, ali mesmo ao lado, sobre quem éramos, onde viviamos em Portugal, o que fazíamos em Portugal e em Timor... O costume naquelas paragens.

Foi nesta sessão de "perguntas e respostas" que fiquei de boca aberta... Quando disse que era nado e criado em Setúbal um dos funcionários volta-se para mim e diz-me: "Vitória de Setúbal! Clube famoso!..." Fiquei embasbacado! Como era possível a 20 mil kms de casa virem-me dizer que conheciam o Vitória e que o apreciavam?!...

Mas as surpresas estavam destinadas a não acabar ali. Entretanto os funcionários da "Imigrasi" continuavam às voltas com o computador e a papelada para tentarem desbloquear a situação e deixarem-nos entrar na Indonésia.
No meio desta confusão dá-se uma mudança de turno e lá tiveram uns de explicar aos outros o que se passava. E nós à espera e na conversa sobre o Vitória com os da Alfândega . Se tivessemos ali uns chouriços e umas febras não tenho dúvidas que teríamos festa. Com "bjecas" ou sem "bjecas".
Entretanto surge a funcionária mais graduada da "Imigrasi" que tinha acabado de entrar ao serviço e que veio ver porque estávamos nós ainda ali. Conversa para aqui, conversa para ali, pegou nos passaportes e viu a nacionalidade e o apelido.
Foi aí que começou a falar comigo num português um bocado mal amanhado mas português... E então disse-me que era timorense e de Maubara. Não resisti e usei a minha "arma secreta": disse-lhe que era parente do Vô Serra! Arregalou os olhos e disse que o conhecia bem.
A partir daí foi uma beleza... Em cinco minutos estava, finalmente, a entrar oficialmente na Indonésia!...

Quem diria que iria ali encontar um (quase) adepto do Vitória de Setúbal e uma conhecida do Vô?!...

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