Estamos no início de Junho de 2001 e é o meu primeiro dia de trabalho no PNUD, para onde fui como parte do "pacote" da ajuda portuguesa para a elaboração do primeiro Relatório Nacional do Desenvolvimento Humano de Timor Leste --- que veio a ser publicado uma semana antes da independência, i.e., a 13 de Maio de 2002.
Como parte da "cerimónia de iniciação" os (agora) meus colegas (internacionais) convidaram-me para almoçarmos todos juntos num restaurante tailandês então muito em voga, ali para os lados do bairro do Farol.
Seríamos uns 10-12 colegas e a meu lado ficou uma norueguesa, simpática, agitada e loira como só as norueguesas são. Depois das apresentações e do "o que tens feito", etc, entrou-se em assuntos mais "profundos" e como na época se discutia a questão da língua oficial de Timor Leste, o comentário e a pergunta da norueguesa não tardaram: "Eu penso que não faz sentido Timor adoptar o português como língua oficial. A maior parte das pessoas não falam a língua e já há muitos que falam o indonésio. Além disso aqui na região seriam o único país a falar português. Por isso será muito mais útil se eles escolherem o indonésio ou, até, o inglês, já que o tetum não responde às necessidades do mundo moderno. E tu o que pensas sobre o assunto".
Porque penso mesmo que esse é assunto da exclusiva responsabilidade dos timorenses, não me competindo "dar palpites" sobre a sua política linguística, e porque não me apeteceu iniciar logo no primeiro dia uma discussão que não nos levaria a lado nenhum, respondi-lhe algo salomonicamente: "Eu não penso nada! Quem tem de pensar são os timorenses!". E para não deixar margem de manobra para o continuar da conversa sobre o assunto dei a "estocada" final: "Mas já agora, diz-me lá uma coisa: quais são os países que à volta da Noruega falam o norueguês?".
Nunca mais aquela alma me perguntou nada sobre o assunto... Uau!...
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